Acidentes cardiovasculares são a maior causa de morte entre homens e mulheres no mundo, de acordo com a relatório divulgado em 2013 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E foi exatamente isso que acometeu o torcedor de 82 anos João Batista Rodrigues Jr. na noite de quarta-feira. O apaixonado pelo Figueirense não resistiu a um infarte fulminante após ver o gol de empate de seu time contra o Criciúma e faleceu em sua residência em Florianópolis.

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O cardiologista dr. Harry Corrêa Filho alerta que momentos de grande emoção podem desencadear esses tipos de acidentes, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis e sem histórico de doenças cardiovasculares, como era o caso de Zó Rodrigues.

– Um fator de risco importante é a idade. E a idade dele – 82 anos – era preocupante porque, mesmo aparentemente saudável, era possível que ele tivesse algum tipo de entupimento em uma artéria, que foi desencada pelo stress – explica o médico.

Confira a entrevista do médico dr. Harry Corrêa Filho ao Diário Catarinense

DC: No caso de Zó Rodrigues, a família afirmou que ele não tinha histórico de doenças cardiovasculares e estava com a saúde em dia. O stress do jogo foi o desencadeador do infarte?

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Dr. Harry Corrêa Filho: Com certeza. Durante momentos de grande tensão, pequenas placas de gordura podem se soltar da parede das artérias e agir como uma espécie de rolha. Elas dificultam a passagem de sangue pelos vasos, o que causa o infarto.

DC: O fato de ele ter 82 anos agravou a situação?

Dr. Harry: Sim. Ele ter uma idade avançada – 82 anos – impede que o corpo se recupere facilmente de situações de stress ou até de um infarte. É aconselhável que pessoas com essa idade façam check-ups de seis em seis meses e não anualmente. Mas mesmo assim isso não é carta branca. A idade é sempre um fator de risco que tem que ser levado em conta.

DC: Que tipo de medidas podem ser tomadas para evitar doenças ligadas ao sistema cardiovascular?

Dr. Harry: São aquelas dicas de sempre: exercícios físicos juntamente a uma dieta balanceada com pouco colesterol. Isso ajuda muito a desentupir os vasos e impedir um colapso em caso de tensão. Mas, má notícia para os torcedores: não é aconselhável que pessoas que se encaixam nesse quadro passem por situações de stress como uma decisão de campeonato ou até um jogo decisivo. O stress age como um gatilho e precisa ser evitado. É sempre um risco.

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DC: Alguma coisa poderia ter sido feita para mudar o quadro de Zó Rodrigues?

Dr. Harry: Talvez. Como ele ficou desacordado alguns minutos antes de falecer, ele poderia ter tido mais chance caso as pessoas em volta dele soubessem fazer massagem cardíaca. Isso auxiliaria a passagem de sangue pelas artérias. Talvez isso permitisse que o Samu conseguisse reanimá-lo no momento que chegou. Não era garantido, mas seria uma esperança a mais.