A esganadura que causou lesões graves no cérebro foi a causa da morte de uma das gêmeas agredidas pelo pai em Videira, no Meio-Oeste catarinense. A menina de um mês foi sepultada nesta sexta-feira e a irmã dela, que também foi maltratada e teve uma perna quebrada, continua internada e passa bem.
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:: Homem é preso após espancar filhas gêmeas de um mês em Videira
::Laudo aponta que lesão cerebral em bebê foi causada por asfixia
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O suspeito dos crimes, Fabiano da Luz, de 29 anos, está detido preventivamente pelas agressões. Com a morte de uma das meninas, além de responder por tentativa de homicídio, o pai também deve ser indiciado por homicídio qualificado, por meio cruel e por asfixia.
Ele confessou que teria agredido a menina que continua internada porque ela não parava de chorar por conta de uma dor de ouvido. Mas negou que tenha batido na gêmea que morreu. Conforme a polícia, Luz teria dito que um livro caiu de uma estante sobre a bebê, que estaria dormindo.
Só que os laudos anexados ao inquérito policial contradizem essa versão e apontam que a criança teria sido asfixiada e, por conta da falta de sangue e de oxigênio no cérebro, sofreu uma lesão irreversível. A pequena chegou a ficar internada durante uma semana no Hospital Helio Anjos Ortiz, em Curitibanos, mas não resistiu e faleceu na tarde desta quinta-feira.
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Quando tiver alta, a outra vítima deve permanecer aos cuidados da mãe, uma jovem de 18 anos que presenciou parte das agressões e que, segundo a polícia, não teria nenhuma participação nos crimes. Juntos há quase dois anos, o casal não tinha histórico de brigas e violência, conforme o que foi apurado nas investigações.
O sepultamento da menina, nesta sexta-feira, foi acompanhado pelos avós maternos e amigos da família. A mãe das gêmeas não pode comparecer ao Cemitério Jardim da Saudade, em Videira, porque está acompanhando a outra criança internada no hospital de Curitibanos.
Sequencia de crimes
Segundo o depoimento da mãe das gêmeas à polícia, o suspeito bateu em uma das meninas na madrugada do último dia 4, quando a bebê chorava muito com dor de ouvido. A jovem disse que ele teria colocado a filha em cima da cama e dado diversos tapas na perna da pequena. Em seguida, ela afirma ter conseguido acalmar a menina, mas só percebeu a fratura no fêmur no dia seguinte, quando foi trocar a fralda.
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Assustada com a situação, a mãe afirma que pediu ajuda para leva-la ao hospital. E, como a outra irmã estava quieta e dormindo, deixou-a em casa com o pai. O homem teria chegado com a menina no hospital cerca de uma hora depois, entregado nos braços da avó e ido embora. Como ela gritava muito de dor, imediatamente os médicos perceberam os hematomas e a lesão grave no cérebro.
Fabiano da Luz, 29 anos – Divulgação/ Polícia Civil
Além das agressões às gêmeas, a polícia também apurou que o suspeito já havia sido condenado e preso por violência doméstica contra a ex-mulher, com quem tem outros dois filhos. Também há registros de que ele batia nas crianças.
Inquérito já foi concluído
O delegado Gustavo Madeira, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Videira, entregou o inquérito à Justiça na tarde desta sexta-feira. Confira a entrevista sobre o caso:
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Diário Catarinense: O pai ainda sustenta a tese de que um livro causou os ferimentos na menina que morreu?
Gustavo Madeira: O suspeito confessou que agrediu uma das meninas, a que teve a perna quebrada, porque a mãe das gêmeas testemunhou o fato. Ele nega o outro crime e diz que um livro teria caído sobre a cabeça da menina enquanto ela dormia. A polícia esteve na casa da família e a estante onde ficam os livros fica bem distante da cama onde a vítima estaria, o que contradiz a tese. Além disso, temos os laudos que comprovam a esganadura e os hematomas.
DC: A mãe pode ter sido omissa na situação?
GM: Pelos depoimentos, apuramos que os familiares tinham medo do Fabiano. Todos disseram que ele era violento e inclusive já foi preso em flagrante por agredir a ex-mulher. Apuramos que a mãe das gêmeas tinha medo do marido, mas sempre mostrou preocupação com as filhas e não há nenhum indício de que ela tenha participado do crime, por isso ela permanece com a guarda da menina que está internada.
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DC: O pai mostrou arrependimento?
GM: Ele foi preso na quinta-feira, quatro dias depois dos crimes. O pai continuou a vida de maneira normal, em nenhum momento foi visitar as filhas no hospital, e foi detido no trabalho, onde atuava como auxiliar de produção em uma empresa da cidade. Foram feitas avaliações psicológicas, depoimentos e ele sempre pareceu indiferente à situação das filhas.
DC: Mesmo confessando apenas um dos crimes, ele permanece preso?
GM: O inquérito já foi concluído e entregue à Justiça. Entendemos que os crimes são continuados, pois os dois fatos foram em um determinado intervalo de tempo, com vítimas diferentes, só que com o mesmo modo de agir. Isso pode influenciar em aumento de pena e ele deve permanecer detido na Unidade Prisional de Videira, onde vai responder por tentativa de homicídio em relação à menina que permanece internada e homicídio consumado por conta daquela que morreu.