Conversas telefônicas obtidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na operação Águas Limpas associam o prefeito de Lages, Elizeu Mattos (PMDB), preso desde o dia 5 deste mês, a supostas irregularidades na prestação de contas de recursos públicos utilizados na 26ª Festa Nacional do Pinhão.
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Os telefonemas também envolvem funcionários municipais em conversas como interlocutores com o prefeito. Consta no inquérito que o valor gasto pela prefeitura na festa seria de R$ 900 mil, cuja cifra teria sido enumerada no portal de transparência, mas que Elizeu teria determinado que indicassem que os gastos foram de R$ 300 mil.
“Nessa perspectiva cumpre pontuar as conversações que versam sobre circunstâncias obscuras que permeiam o uso de recursos públicos na edição da XXVI Festa Nacional do Pinhão… Elizeu passa orientações a seus subordinados no sentido de omitir a publicidade dos gastos reais com a festa”, dizem os integrantes do Gaeco na apuração.
No inquérito, consta a expressão “enroleixom” usada por investigados para tratar da contabilidade dos recursos da edição do evento em 2014. O Gaeco suspeita também, conforme os diálogos, que recursos da saúde chegaram a ser empenhados para custear despesas da festa, sendo quitados depois por meio de verba repassada pelo Estado.
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O DC procurou o Ministério Público de Santa Catarina para ter mais detalhes a respeito da situação, mas a assessoria de imprensa afirmou que essa situação não consta na denúncia criminal feita na semana passada ao Tribunal de Justiça contra o prefeito e mais nove pessoas.
Na denúncia criminal, elas são acusadas de um esquema de corrupção, pagamento e recebimento milionário de propina envolvendo contratos da Secretaria de Águas e Saneamento (Semasa) de Lages.
Na entrevista coletiva dada no dia da prisão do prefeito, a subprocuradora geral de justiça Walkyria Danielski, afirmou que eventuais apurações que tratem de improbidade administrativa serão analisadas posteriormente pela promotoria da moralidade.
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Elizeu permanece preso no batalhão da Polícia Militar em Lages. Também continuam presos o motorista do prefeito, Antonio Carlos Simas, o Toninho, e o ex-secretário municipal da Semasa, Vilson Rodrigues da Silva.
Procurado pelo DC, o advogado do prefeito Elizeu Mattos, Ruy Samuel Espíndola, afirmou que não iria se manifestar sobre as suspeitas envolvendo os recursos da festa do Pinhão porque eles não são o objeto do inquérito da operação Águas Limpas.
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