O sistema de merenda nas escolas da rede municipal de Florianópolis, que já recebeu prêmios de boas práticas e deu aulas para outras cidades, está passando por maus momentos. A crise financeira que a Prefeitura está passando, repetidamente anunciada pelo prefeito César Souza Junior, começou a ser sentida na barriga dos alunos.

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Na Escola Osmar Cunha, que atende 750 alunos do 1º ao 9º ano, em Canasvieiras, a situação chegou a um ponto tão crítico que os alunos receberam no lanche da manhã de segunda-feira somente suco de uva e um pedaço de laranja. Para o lanche da tarde, as merendeiras _ que são terceirizadas _ se sensibilizaram com a situação e tiraram dinheiro do próprio bolso para comprar ingredientes e fazer bolo para os alunos.

— Na segunda-feira costumam entregar os alimentos perecíveis, e nesta chegou apenas um pouco de fruta, abacaxi e maçã, mas já avisaram que é pra gente economizar. Carne e feijão, por exemplo, faz muito tempo que não recebemos — conta a diretora da instituição, Roseli Brusque Zmorzynsk.

Ela explica que a situação não vai bem desde o início do ano, quando os alimentos começaram a vir em menor quantidade, tendo que ser tudo contado. Nesta segunda, a direção tomou a decisão de avisar os pais por bilhete e agendar uma reunião para tratar do assunto.

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Ana Paula Vieira é professora da unidade de ensino, mãe de dois alunos e presidente do Conselho Escolar. Ela diz que como escola eles fazem o que podem, ligando e cobrando da Secretaria Municipal de Educação, mas que a situação nunca esteve tão ruim:

— Tem criança que passa o dia todo na escola, faz o lanche da manhã, o almoço e o lanche da tarde. As merendeiras vão tentando se virar, improvisando, mas chega uma hora que não tem como. Os alunos reclamam. Acontece de alguns dias servir quatro bolachinhas, isso pra um aluno de 14 anos não é nada — lamenta a professora.

Em conversas com colegas de outras escolas, Ana Paula soube que situação é geral. Na Escola Albertina Dias, na Vargem Grande, o diretor Rubens Fernandes confirma que houve atraso na entrega de alimentos na semana passada, mas diz que a situação já foi resolvida.

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Obra em ritmo lento na escola Osmar Cunha

Além do problema da merenda, a Escola Osmar Cunha enfrenta outras situações complicadas em sua estrutura. Após muitos pedidos e um grande protesto no mês de junho, a comunidade escolar finalmente conseguiu que a reforma do ginásio de esportes fosse autorizada — depois de três anos de interdição —, e também da estrutura do anexo da biblioteca, que estava em péssimas condições.

Em setembro, a ordem de serviço foi assinada e as obras começaram. O prazo inicial para conclusão era em novembro, e tudo ia bem, até que a empresa contratada começou a diminuir o ritmo dos trabalhos, alegando que não estava recebendo os pagamentos por parte da Prefeitura.

— O ginásio está praticamente pronto, só faltam acabamentos, mas não dá nem pra gente exigir que trabalhem sem receber — diz a presidente do Conselho Escolar, Ana Paula Vieira.

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Contraponto

Por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria Municipal de Educação informou que a situação da falta de merenda está sendo normalizada nesta semana. Ainda nesta terça-feira as empresas retornaram a fazer algumas entregas para as unidades educativas.

Ainda de acordo com o a Secretaria, os atrasos ocorreram na distribuição dos alimentos menos perecíveis, e o pagamento dos fornecedores já foi efetuado.

Sobre as obras no ginásio da Escola Osmar Cunha, de acordo com a Secretaria, o prazo de conclusão é de 150 dias a contar desde o dia 5 de setembro. Sendo assim, o prazo limite para entrega é 5 de fevereiro de 2017.

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