Escola do Jardim Paraíso inicia ano letivo com pedido de paz em Joinville

O pedido de paz veio em forma de música no primeiro dia de aula da Escola Municipal Thereza Mazzolli Hreisemnou, no bairro Jardim Paraíso. E a canção não partia dos alunos, mas dos pais das crianças e adolescentes que frequentam a escola da Estrada Timbé: eles assumiram o lugar dos estudantes ontem, vivenciando a experiência de voltar ao papel de alunos por algumas horas.

A atividade fez parte da programação especial da unidade escolar para a volta às aulas, que brincou com a semelhança fônica entre as palavras “pais” e “paz”. A escola do Paraíso, assim como a EM Anita Garibaldi, na zona Sul, fez do primeiro dia de aula – vivido ontem por cerca de 65 mil estudantes de Educação Infantil e Ensino Fundamental da rede municipal – um momento especial.

Quando o sinal tocou, foram os adultos que formaram filas, participaram de uma homenagem cívica e cantaram, junto com os funcionários, uma canção chamada O Dia do Bem. Depois, foram apresentados a todos os professores e encaminhados para as salas de aula. Lá, os professores que acompanharão os estudantes durante o ano passaram orientações e atividades para facilitar a relação dos pais e dos filhos com a escola.

Leia mais notícia de Joinville e região.

A expectativa da direção da escola era de que pelo menos 80% dos pais dos 1.060 estudantes participassem até o fim do dia destas atividades, divididas em quatro períodos.

– É para levá-los a fazer uma reflexão sobre a escola e compreender a rotina dos estudantes. Eles irão aprender a ajudar os filhos sem entregar tudo pronto. – explica a diretora, Solange Xavier dos Santos Silva – Por sorte, temos pais muito participativos.

Localizada em um bairro que viu a violência aumentar em 2015 e atingir o auge na semana passada, o projeto da unidade escolar é permanecer como refúgio para os estudantes: do portão para dentro, há segurança e tranquilidade. Os alunos tem respondido às regras impostas pela instituição com obediência: não há brigas internas nem problemas de vandalismo. Para Solange, a participação das famílias dentro da escola é fundamental.

– Cada aluno tem uma história e é claro que algumas delas estão inseridas na violência da região. Mas, apesar disso, eles precisam continuar confiando na escola – avalia.

Mudança em clima de festa

Para quem já cresceu, o início do ano letivo pode parecer muito simples. Mas, para quem tem apenas seis anos e precisa viver a experiência pela primeira vez, entrar em um prédio novo, cheio de adultos desconhecidos, pode causar medo e ansiedade. Pensando nisso, há cinco anos a Escola Municipal Anita Garibaldi transforma o primeiro dia de aula em festa – neste, ela foi “no Havaí”.

Utilizando reaproveitamento de materiais para a decoração, o pátio e as salas de aula ficaram mais coloridos. Quando os alunos chegaram, encontraram os professores, a diretora e os funcionários da escola cheios de adereços, e até as crianças puderam trocar o uniforme por fantasias de festa na praia. Na hora do intervalo, alunas do segundo, terceiro e quarto ano fizeram uma apresentação de dança com o tema.

– Mesmo para as crianças que passaram pela educação infantil esta é uma transição difícil, de troca de escola. Além disso, é comum que os pais coloquem uma carga mais pesada ao tratar da ida para o colégio, como uma coisa mais séria, porque a sociedade a trata assim. Queremos mostrar que aprender também pode ser divertido – afirma a diretora, Lucelia Izabel Fraga Krelling.