Há 70 anos não se via o placar de 3 a 3 no clássico da Capital. Avaí e Figueirense fizeram seis gols, domingo, na Ressacada. Três para cada lado. A última vez que isso havia acontecido fora no dia 29 de outubro de 1948, uma quinta-feira, em partida disputada no antigo estádio Adolfo Konder, conhecido como o Pasto do Bode, onde hoje fica o Beira Mar Shopping, pelo extinto Campeonato Citadino (veja a ficha técnica da partida no final da matéria).
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De volta ao presente, algumas situações contribuíram para o placar repleto de gols na Ressacada. Falhas defensivas e pênaltis, dos dois lados, e pouco trabalho dos goleiros. As bolas que foram em direção as redes entraram. A nova característica de jogo do Avaí, destacada pelo técnico Claudinei Oliveira na entrevista após o jogo, é outro fator que fez o clássico entre os times da Capital ter seis gols.
– Estamos mudando a característica da equipe, que propõe mais o jogo, mais ofensiva. Não acho normal um placar de 3 a 3, mostra que os times erraram muito – disse Claudinei.
A visão de Milton Cruz, comandante do Figueirense, é parecida. O técnico, assim como o companheiro de profissão, concorda que seu time falhou em momentos cruciais da partida. Faz sentido, já que o Alvinegro esteve em vantagem por três vezes.
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– Não tem acomodação. Quando você está perdendo o jogo, vai para cima. Foi isso que eles (jogadores do Avaí) fizeram. E teve o empate. Faltou marcação no gol de cabeça, no segundo também, e tivemos o pênalti – falou Milton Cruz.
O próximo encontro dos rivais está marcado para 11 de março. Até lá, muitas coisas devem mudar. A principal delas é em relação aos erros de ambos para que esse duelo volte a ter um vencedor, algo que não acontece desde 10 de abril de 2016, quando o Figueirense venceu, por 1 a 0, no Estadual. Desde então, foram quatro empates (contando o de domingo) seguidos.
Opiniões sobre o clássico de domingo, na Ressacada:
Roberto Alves, comentarista da NSC TV e CBN Diário
“Eu acho que as defesas não foram bem no clássico, tanto a dupla do Avaí quanto do Figueirense. Por exemplo, o Betão falhou várias vezes, inclusive em um gol do Figueirense. Trevisan, que é um bom zagueiro, também falhou. O Nogueira acabou fazendo gol. Foi lá para frente. E, aí, talvez tenha sido uma das razões dos problemas das defesas. Com defesas frágeis, que não se entendiam, os gols apareceram. Eu nem acredito que tenha sido méritos dos jogadores que fizeram os gols. O Figueirense não poderia ter sofrido tantos gols, pois jogou mais na retranca. O Avaí, sim. O time saiu para cima do Figueirense, que vinha nos contra-ataques. E, nessa altura, vai no desespero de empatar, em três vezes conseguiu, abandona a volta da bola, quando a defesa fica desguarnecida. Tanto que os zagueiros fizeram gols de ambos os lados. O Alemão, do Avaí, e o Nogueira, do Figueirense. É sinal que eles abandonaram a posição em algumas situações. Eu não diria do esquema. A dificuldade do clássico, o estado de tensão emocional, o estádio lotado, grande público. Tudo isso faz com que os erros apareçam, porque ficam todos com os nervos à flor da pele. Então, eu acho que tantos gols no clássico não foram méritos dos atacantes, mas sim erros das defesas”.
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Rodrigo Faraco, comentarista da NSC TV e CBN Diário
“O clássico terminou empatado, mas os erros foram grande destaque na partida. Os quatro gols em praticamente 15 minutos ocorreram por muitos erros cometidos pelas duas equipes. Foram muitos, individuais e coletivos. O erro do Figueirense foi não saber em nenhum momento administrar as vantagens que teve no placar. O Figueirense sempre devolveu a bola para o Avaí. Individualmente, o zagueiro Henrique Trevisan não esteve bem. Na bola parada, no segundo gol e no terceiro gol, o defensor não conseguiu fazer o trabalho dele, deixando espaços. Os erros do Avaí foram mais individuais. Betão foi o grande vilão nesta análise. Coletivamente, o erro foi também virtude, pois o Avaí se abriu, procurando o ataque e dando a possibilidade do contra-ataque. Outro fator foi o físico. As duas equipes mostraram cansaço na reta final da partida. O que é natural num início de temporada. Entre virtudes e defeitos, apareceram muito mais os defeitos dos times. Foi justamente o que tornou o clássico eletrizante no final”.
Paulo Branchi, narrador da CBN Diário
“Foi o clássico dos seis erros e isso muito explica o placar. Os times criaram poucas jogadas de envolvimento completo do adversário. Embora para ocorrer um gol no futebol seja necessário o erro da defesa. Desta vez os erros individuais, principalmente, ficaram mais evidentes em todos os gols. Como foi com o zagueiro Betão no segundo gol alvinegro, ou a saída ruim de Denis para conter o avanço de Getúlio, no pênalti que selaria o placar na Ressacada. O Figueira mereceu a vitória pela surpresa que causou, mas a insistência do Avaí não poderia ser castigada. Assim, o empate ficou mais adequado. Melhor para o torcedor que viveu um verdadeiro rali de emoções no final do jogo. O clássico saiu valorizado”.
Salles Júnior, narrador da CBN Diário
“Os gols aconteceram mais porque o Avaí sempre correu atrás para buscar o empate, esteve sempre atrás e também por conta de falhas individuais. Jogadores que a gente muito esperava falharam, como o caso do Betão, por exemplo. O Leão sempre indo atrás incentivado pela torcida e o Figueirense sempre na frente, mas não suportando a pressão do adversário”.
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FICHA TÉCNICA
AVAÍ 3 x 3 FIGUEIRENSE
AVAÍ
Adolfinho; Ivani, Tavinho, Verzola e Procópio; Boos, Felipinho, Nizeta e Tião; Bráulio e Saul. Técnico: não informado.
FIGUEIRENSE
Mafra; Marcos, Moraci, Minela e Jair; Gastão, Capeta, Nede e Urubu; Hamilton e Nicolau. Técnico: Francisco Prazeres.
GOLS: Saul, Bráulio e Felipinho (A). Nede e Urubu (duas vezes) (F).
DATA: 29/10/1948 (quinta-feira), às 15h30.
ÁRBITRO: Waldemiro Mello.
LOCAL: Estádio Adolfo Konder, em Florianópolis.
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