Sem interrupções, equipes do Corpos de Bombeiros do Rio de Janeiro buscam neste sábado pelo menos cinco desaparecidos nos escombros dos três prédios que desabaram na última quarta-feira no centro da capital fluminense. Ao todo, 17 corpos foram resgatados – dois na madrugada deste sábado.
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Os especialistas que participam da operação de buscas dizem que não há mais condições de identificar os corpos, pelo estado avançado de decomposição. No Instituto Médico Legal (IML), oito foram reconhecidos por parentes e nove estão sem identificação. Alguns só poderão ser identificados por meio de exame de DNA.
Da lista de desaparecidos enviada à prefeitura do Rio por parentes de pessoas que estariam nos edifícios na hora do acidente, nove ainda permaneceriam sob os escombros. O secretário de Defesa Civil fluminense, coronel Sergio Simões, disse que, a partir de agora, o trabalho de procura dos desaparecidos será ainda mais minucioso, sem o uso ostensivo de máquinas pesadas, como retroescavadeiras e pás mecânicas.
Segundo ele, são muito pequenas as chances de encontrar alguém com vida, mais de 60 horas depois da tragédia. Os bombeiros estão usando cães farejadores para tentar localizar os desaparecidos.
A chuva parou neste sábado no Rio, mas as pancadas que cairam durante toda a madrugada ajudou a baixar a poeira no local, facilitando o trabalho das equipes de resgate. Os bombeiros do Grupamento de Buscas e Salvamento (GBS) concentraram as buscas nas proximidades das escadas e no subsolo do Edifício Liberdade, o mais alto dos três que ruíram, com 20 andares.
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Falta de laudo
Apontada como uma das possíveis causas do desabamento, a obra iniciada oito dias antes da tragédia no nono andar do Edifício Liberdade, pela empresa Tecnologia Organizacional (TO), não tinha laudo de um engenheiro.
Segundo explicou no início da noite de sexta-feira um dos sócios da empresa, Sergio Alves, o laudo teria sido solicitado pelo síndico, Paulo Renha, que recebeu da gerente Cristiane Azevedo cópia da planta da obra feita pela companhia no quarto pavimento do mesmo edifício.
Cristiane não é engenheira. Renha, então, teria dado a autorização para a obra, aguardando a apresentação do laudo pelo engenheiro Paulo Brasil que, devido à doença da mãe dele, não pôde atender ao pedido naquele momento. O laudo seria apresentado esta semana.
Sem sobreviventes
Na sexta-feira, o secretário estadual da Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros descartou a possibilidade de se encontrar sobreviventes entre os escombros.
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– Embora a cultura do Corpo de Bombeiros seja movida pela esperança, pela motivação, em razão do cenário que a gente está verificando e pelo tempo passado do acidente, eu preciso dizer que a gente não trabalha mais com a possibilidade de sobreviventes – disse Sérgio Simões.