Isabel Baggio é fundadora e presidente do Banco da Família, que hoje possui 150 empregados, sendo 80% mulheres. Para ela, nestes anos de atuação, um dos casos mais impactantes foi do catador de lixo que morava com mulher e filhos em um barraco coberto com lona. Foi levantada a capacidade de ele receber um empréstimo: R$ 5 mil em 48 vezes.
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– Que catador de lixo consegue entrar numa agência para fazer um empréstimo?
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Qual é o foco da instituição?
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Atuamos em regiões com baixos índices de desenvolvimento econômico e social. Acolhemos pessoas que o sistema não acolhe. Trabalhamos de forma responsável, e esperamos o mesmo de nossos clientes.
Vocês falam em renda familiar. Mas tem consequências também em empregos?
Sim, mas o foco é a renda familiar. Isso já começa no contato com o cliente, quando nossos agentes fazem o levantamento da folha salarial da família e não apenas de quem está contraindo o financiamento.
Os clientes são pessoas pobres e com baixa escolaridade. Como fazem isso?
Trabalhamos com educação financeira. Não queremos ser um problema para o cliente. Ao contrário, nós damos a oportunidade de ele trabalhar e melhorar de vida.
Isso resulta na baixa inadimplência?
Com certeza. É feito estudo sobre a capacidade da família assumir o valor do crédito. Nossa análise leva em conta a capacidade do cliente quitar o que será creditado a ele.
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Dá lucro?
Sim. Temos rentabilidade que vem da movimentação bancária e também benefícios por ser uma organização sem fins lucrativos. Existem convênios com instituições internacionais, como a Water.org, fundada pelo ator Matt Damon e por Gary White, e que tem projeto para promover o acesso à água potável no país. Além de parcerias com bancos como BID, Badesc, BNDS.
As organizações não governamentais têm sido cobradas por uma prestação de contas mais transparente. Como a presidente do Banco da Família encara esse pensamento?
A organização precisa trabalhar com uma situação financeira impecável para não ficar sem crédito. Se não tivermos capacidade de pagamento, superávit e balanço rigoroso, a gente não terá como sobreviver.
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