A pequena Lara Cristina Lang, 12 anos, luta há anos contra uma leucemia. A moradora de São Bento do Sul, no Norte de SC, chegou a receber a notícia que foi encontrado um doador de medula óssea compatível, porém ele não foi mais localizado pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

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Para ajudar a menina, a Fundação Cidadania, ONG que faz coletas de doações de sangue na cidade, mobilizou a população para ajudar. Mas foi informada pelo Hemosc de Joinville, onde fazia o cadastro de medula óssea, que o Estado não estava mais oferecendo o serviço. Agora, a fundação reúne quem quer ajudar e levam a Curitiba. Um ônibus com 40 pessoas sai na quinta-feira:

– Quando ela começa a ficar triste a gente diz que está tentando achar uma solução – afirma a responsável pela Fundação, Sueli Vidal dos Santos.

O Hemosc está com o cadastro de novos doadores suspenso desde agosto em Santa Catarina, mantendo apenas o cadastro de aparentados, que são os que têm mais chance de serem compatíveis. O Ministério da Saúde determina limites de cadastro por Estado para aumentar a diversidade genética e paga após os procedimentos serem realizados.

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Em 2016, o Ministério repassou R$ 5,1 milhões para cobrir a cota estabelecida de 10,2 mil novos cadastros. Como foram realizados 13,9 mil, o governo estadual teve de bancar o excedente. Neste ano, porém, com a suspensão do serviço, em janeiro o Estado só realizou 96 cadastros. Cada cadastro custa em média R$ 400 (incluindo os exames), segundo informações do Redome.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que hoje 2,1% da população brasileira consta do Redome. Santa Catarina tem 2,5% de sua população cadastrada. “No Brasil, onde existe alto grau de miscigenação, é importante, não só o quantitativo, como também reunir grupos de doadores que representem a diversidade genética. O cadastramento ilimitado de doadores não aumentará linearmente as chances de encontrar doador compatível”, destacou a pasta.

Para Joel de Andrade, coordenador da SC Transplantes, a suspensão não impacta na doação de medula óssea, até porque o Redome é nacional e trabalha em conjunto com um banco mundial de doadores:

– Tem muitas questões que causam impactos na saúde pública e essa não é uma a ser elencada. Já temos um número de doadores que atendem a mostra populacional, então a partir de agora não vai fazer falta novos doadores.

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Alexandre Geraldo, coordenador da pós-graduação em Hemoterapia e Terapia Celular de Células Tronco Hematopoiéticas da Univali, reforça que a medida do Hemosc é correta diante do cenário econômico e das características genéticas:

– Economicamente e geneticamente utilizar a cota especificamente para doadores que sejam da família do paciente (doadores aparentados) proporciona as maiores chances de se encontrar um doador de medula compatível, que são de 25% – diz, acrescentando que no caso de não aparentados a chance passa para um em 100 mil cadastros.

Diante desse cenário o candidato à doação de medula óssea tem uma responsabilidade ainda maior e deve sempre manter suas informações pessoais atualizadas nos hemocentros ou no site do Redome.

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O Hemosc não se pronunciou sobre o tema e disse que definirá a situação após uma reunião nesta quinta-feira. Em nota, a secretaria de Saúde de SC disse que em 2014 e 2015 o Hemosc ultrapassou o limite de exames para o cadastro de doadores voluntários, fixado em portaria pelo Ministério da Saúde.

“Por isso, no ano de 2016, quando chegou no número máximo de testes estabelecidos pelo ministério, o Hemosc parou de realizar os exames. A secretaria já solicitou ao ministério o aumento da cota prevista para Santa Catarina a fim de autorizar o cadastramento de até 25 mil doadores voluntários”, diz a nota.

Mas o Ministério da Saúde, por meio da assessoria, disse que não recebeu nenhum pedido de ampliação.


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