Uma semana após o anúncio de que o ensino para crianças com cinco anos será oferecido apenas em meio período na rede municipal em 2015, a cidade começa a sentir os impactos da medida. Muitos pais tem tentado incluir os filhos nas listas de espera de ONGs, pesquisado preço de escolas particulares e até mesmo reprogramado a rotina familiar e de trabalho.
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De acordo com a orientadora pedagógica da ONG Amiguinho Feliz, Tânia Vermoehlen, a fila de espera para turmas do Pré 1 e Pré 2, alunos com quatro e cinco anos, teve um aumento notável durante a semana:
– Todos os dias recebemos muitos pais em busca de vagas, mas o movimento se intensificou após divulgação das mudanças nas creches. Para se ter uma ideia, o Pré 2 não tinha nenhuma intenção de vaga e nesta semana já temos 15 crianças na espera. Infelizmente não temos lugar para todos, pois a turma já possui 22 alunos.
No Colégio Sagrada Família muitos pais foram até a secretaria para pesquisar o valor das mensalidades, que variam de R$ 502 (parcial) e R$ 982 (integral).
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– Hoje o colégio atende 178 crianças na educação infantil e notamos que muitos pais vieram nos procurar após a mudança no horário de atendimento da rede pública. Mas só teremos ideia do aumento da demanda após o período de matrículas, em outubro -ressalta a secretária Tânia Regina Karsten.
Assim que ficou sabendo da mudança, o vigilante Dari Bonemann, 38 anos, pai de Ana Luiza, começou a pensar em alternativas.
– Fui até a ONG Amiguinho Feliz, na Escola Agrícola, mas quando cheguei lá já tinha outros três pais esperando para colocar o nome dos filhos na lista. O valor de uma escola particular está acima do meu orçamento, então a melhor opção vai ser deixar o serviço de vigilância e adaptar o meu horário como autônomo para ficar com ela – especifica.
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A outra alternativa de Dari seria deixar a filha, que hoje frequenta uma creche perto de casa no bairro Salto, com a cunhada que mora na Rua da Glória.
– Eu teria de atravessar a cidade duas vezes, uma para deixar ela e outra para buscar. Teria que adaptar o meu horário ou pagar alguém para levá-la e trazê-la. Vou tentar trabalhar somente como autônomo, mas se a renda apertar o jeito vai ser deixar ela com alguém – reflete o pai.
Tempo para adaptação
A Diretora da Educação Infantil da Secretaria de Educação de Blumenau, Patrícia Lueders, diz que o comunicado foi feito seis meses antes justamente para que os pais pudessem se adaptar às mudanças:
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– O objetivo da divulgação das medidas também é fazer com que as famílias com filhos de quatro anos, que ainda não estão matriculados, procurem se adaptar às novas regras. Somente desta forma saberemos quantas crianças precisarão de vagas e quantas turmas serão abertas na rede municipal – reforça Patrícia.
Atualmente Blumenau tem 78 Centros de Educação Infantil (CEIs), 10 creches domiciliares e sete ONGs conveniadas com a prefeitura. Juntas as unidades atendem 12.939 crianças. Apesar de a mudança começar a valer em 2015, calcula-se que 2 mil famílias serão impactadas na rede pública.
Já na rede privada a cidade possui 31 instituições que ofertam educação infantil (creche e pré-escola). O que só será possível saber no próximo ano, após a mudança, é se a oferta será suficiente para a procura.
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