Nem a ação da maré do rio Cachoeira, nem a trepidação provocada pelo trânsito dos ônibus no corredor da Nove de Março ou a obra do rio Matias. O que provocou a interdição do edifício Nove de Março, no Centro de Joinville, foi o desgaste do pilar central. Desde que o imóvel foi interditado pela Defesa Civil, na quarta-feira, uma série de hipóteses foram levantadas, principalmente pelas redes sociais.
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– Não existem essas possibilidades. Tenho visto alguns comentários em redes sociais. É complicado, mas está bem claro. O problema não é decorrente da obra no rio Matias, nem do trânsito ou da ação do rio. Aquilo ali foi um problema mecânico. Foi decorrente da força da gravidade e da limitação de resistência daquele pilar. Não tem outras explicações – diz o engenheiro Gilberto Luis, especialista em engenharia de estruturas e patologia de obras.
Luis foi um dos primeiros a entrar no prédio para fazer a avaliação de riscos e ajudou a Defesa Civil a tomar a decisão de interditar o prédio. Segundo ele, toda obra, toda estrutura de alvenaria e de engenharia tem uma durabilidade limitada e precisa de manutenção. Com o tempo, as estruturas perdem a capacidade de resistir à ação da gravidade e do peso gigante de toneladas de aço, concreto, madeira e a própria ocupação dos edifícios.
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– Todo o edifício precisa de manutenção preventiva, de avaliação constante. Caso contrário, a vida útil da estrutura diminui.
Na época em que o edifício Nove de Março foi construído – estima-se que entre 1952 e 1960 – a durabilidade média desse tipo de construção era de aproximadamente 50 anos. Segundo o engenheiro, esse tipo de problema é mais comum do que se imagina em edifícios. Por isso, é preciso fazer reparos e manutenções periódicas.
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Numa linguagem não técnica, a resistência do pilar acabou se igualando ao peso a que ele estava sendo submetido e começou a se romper, primeiro deixando aparentes as ferragens e, depois, perdendo completamente a capacidade de sustentar o peso.
A primeira ação para controlar o risco foi instalar cerca de 500 estacas de ferro, garantindo que o peso – estima-se que algo em torno de 60 toneladas – ficasse melhor distribuído, mesmo que de maneira provisória.