Pela segunda vez em 2018, o empresário Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, motorista do Camaro que atropelou três pessoas, deixando duas gravemente feridas e uma morta na madrugada do Réveillon de 2017 em Florianópolis, foi preso pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A prisão, preventiva e sem prazo para expirar, envolve, além da acusação de receptação qualificada, a denúncia de auxílio no desvio de uma carga avaliada em R$ 150 mil que teve como destino a empresa de Bueno, segundo a Polícia Civil gaúcha. A carga continha equipamentos de metal oriundos de uma empresa de Campo Bom, vizinha a Sapiranga, onde mora o acusado. O ramo de atuação da empresa de Bueno, que tem 30 anos, é a metalúrgica.
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Preso em casa, no bairro Amaral Ribeiro, em Sapiranga, Bueno não resistiu à prisão na noite de quarta-feira (11). O mandado que originou a detenção teve início em investigações que começaram há três meses. Na noite desta quinta-feira, Bueno estava detido na Delegacia de Plantão Policial de Novo Hamburgo, aguardando a liberação de alguma vaga em presídios da Região Metropolitana de Porto Alegre, para onde será encaminhado à cidade que tenha vagas à disposição.
De acordo com o inspetor Douglas Costa de Oliveira, policial de Sapiranga que participou da operação que prendeu Bueno e ajuda nas buscas a outros dois homens foragidos, a empresa de Bueno utilizava como matéria-prima o metal chamado Zamak, com alta resistência à corrosão e intempéries, formado pela combinação de diversas ligas metálicas, como alumínio, magnésio e cobre.
Oliveira afirma que Bueno, com a ajuda de dois homens, desviou a carga com o metal para sua empresa. Um dos comparsas, que teria ligação com o carregamento, denunciou que a carga tinha sido roubada. Ela, porém, tinha sido desviada de uma distribuidora, diz a polícia.
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— Com a gente ele tem essa bronca, e a do furto qualificado de energia elétrica, que aconteceu na mesma fábrica do acusado. Ele tem um sócio nessa fábrica, uma metalúrgica. Acreditamos que ele premeditou o desvio da carga para benefício próprio — aponta Oliveira.
Na madrugada de 1° de janeiro de 2017, Bueno atropelou Cristiane Flores, 31 anos, que morreu no local, o esposo dela, Nilandres Lodi, 36 anos, que teve as duas pernas amputadas, e Gean Mattos, 22 anos. O motorista conduzia um Camaro com placas de Sapiranga e fugiu do local dos atropelamentos. Após ser preso no Rio Grande do Sul em janeiro deste ano, Bueno foi solto no dia seguinte ao flagrante. No processo de SC, fugiu e se apresentou só mais de seis meses depois, quando pagou uma fiança de R$ 70 mil e foi posto em liberdade.
Defesa de Bueno promete pedir relaxamento da prisão ainda nesta sexta-feira
O advogado Ademir Campana, que representa Bueno no processo que ele responde em Santa Catarina e nas duas prisões do cliente no Rio Grande do Sul, diz que tudo não passou de um “engano” da polícia “que será provado pela defesa”. Ele diz que vai pedir o relaxamento da prisão ainda nesta sexta-feira. Campana garante que Bueno não é sócio da metalúrgica, mas “sim um mero funcionário”. Afirma que seu cliente não participou do desvio da carga e também não receptou nenhum tipo de mercadoria roubada ou furtada. Sobre a sequência de prisões, sem contar o processo enfrentado em SC no qual Bueno passou mais de seis meses foragido, Campana classifica como “probleminhas” que surgiram e nos quais a defesa “provará a inocência do Jeferson”.
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O acidente
Bueno atropelou Cristiane Flores, 31 anos, que morreu no local, o esposo dela, Nilandres Lodi, 36 anos, que teve as duas pernas amputadas, e Gean Mattos, 22 anos. O motorista conduzia um Camaro com placas de Sapiranga. Por volta das 3h, o carro invadiu a calçada em frente à loja RMS Auto Som, na rodovia Armando Cali Bulos. Nilandres era proprietário do estabelecimento e retornava com a esposa para a casa da família, que fica nos fundos do local. Lá, familiares e os filhos, uma menina de 13 anos e um menino de 5, os aguardavam.
Antes de atingir as três pessoas, o Camaro bateu em um Audi – que era conduzido por Robson de Jesus Cordeiro e está em nome de Valdir Luiz Vieira – e numa Hilux. Nilandre e Cristiane eram de Passo Fundo (RS) e estavam juntos há 8 anos, três deles morando em Florianópolis. Bueno fugiu do local do acidente.