Preso nesta segunda-feira pela Polícia Federal (PF) na 19ª fase da Operação Lava-Jato denominada de Nessun Dorma, o empresário José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, mora há pelo menos 35 anos em Florianópolis.

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Além da vida de negócios pelo Brasil e exterior, ele também é conhecido pelo seleto grupo de amigos que mantém na Ilha de Santa Catarina, nos campos empresarial, da engenharia e político.

Um dos recantos preferidos dele é a Praia Brava, no norte da Ilha, onde também tem apartamento. Nesta manhã, estava no Porto dos Ilhéus, condomínio em que mora na Avenida Beira-Mar Norte, no Centro, quando os federais cumpriram a ordem de prisão preventiva, às 6h.

A cena de prisão e encaminhamento em uma viatura da PF para Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava-Jato, em nada lembra a vida de fortuna a que o empresário está acostumado, com barcos luxuosos e viagens pelo mundo com a família.

Engenheiro civil, 63 anos, casado, com pós-graduação na Holanda, Sobrinho é natural de Paranaguá, no Paraná, especialista em obras hidráulicas, e atuou até 2014 na área de concessões, energia e infraestrutura no âmbito da Engevix.

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Na praia Brava, é bastante querido e badalado entre moradores tradicionais. Há quem diga ter um perfil até certo ponto discreto, embora goste de grandes festas dentro do círculo de amizades.

Até os últimos anos, também era figura presente no Centro, onde mantinha escritórios na região da Praça XV antes de a Engevix comprar uma torre no Itacorubi. Ele passou a ser sócio-proprietário da empresa em 1996, quando o proprietário anterior resolveu vendê-la aos diretores.

Na área policial, consta há mais de 10 anos a descoberta de um possível plano de sequestro tramado por criminosos contra o empresário e que foi frustrado pela Deic. Na época, houve ação da equipe do delegado Renato Hendges, o Renatão, falecido em 2014, que conseguiu evitar o crime.

Nos últimos meses, há informações que consultou um requisitado escritório de advocacia criminal do Estado sobre a defesa na Lava-Jato, mas acabou contratando um advogado de São Paulo para esse caso.

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Na oportunidade, garantiu que não estava envolvido nas suspeitas de fraudes em grandes contratos com o governo ou ainda em corrupção.

Segundo uma fonte, dizia que estava à disposição da Justiça e que não tinha nenhum contato com ninguém da turma do campo político de Brasília. A fonte acredita que a tese de aproximações políticas, entre elas com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), condenado no Mensalão e réu na Lava-Jato, não passariam de coisas infundadas.

Foto: Reprodução Pública/Facebook

DESTAQUE NACIONAL

Nos últimos anos, teve destaque pela grande projeção empresarial nacional no processo de melhoria dos aeroportos do Brasil, principalmente com as concessões de Brasília e Natal. Rotina que o fazia viajar bastante e nem sempre permanecer em Florianópolis.

Em depoimento no dia 10 de agosto deste ano na PF em Curitiba, quando foi ouvido sobre a Lava-Jato, declarou que a Engevix estava passando por um processo de auditoria e reestruturação, que precisou diminuir 800 empregados, que havia restrições de crédito e que a empresa estava buscando acordo de leniência com a Controladoria Geral da União.

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O DC não conseguiu contatar o advogado de José Antunes Sobrinho nesta segunda-feira. A reportagem também não teve sucesso para entrevistas na empresa, em Florianópolis.