Estagiários da Comissão de Leilões também são citados como beneficiados no esquema de propinas e vantagens investigado pela Operação Parada Obrigatória II e que resultou na exoneração do então presidente, o coronel da Polícia Militar Édson Rui da Silva Castilho.

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O esquema seria estadual e envolveria pagamentos por donos das maiores empresas de pátios de guinchos de Santa Catarina.

As declarações são do empresário Julio Cesar Fernandes dadas no acordo de delação premiada ao Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de Itajaí.

Fernandes é dono da empresa que recolhe e guarda veículos apreendidos em Itajaí, chegou a ser preso na Operação e foi solto.

Segundo o relato dele em depoimento no dia 15 de julho, haveria pagamento por donos dos maiores pátios de guinchos de Santa Catarina, em Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis, aos estagiários da Comissão de Leilões.

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Fernandes afirmou que pagava R$ 800 todos os meses a dois integrantes da comissão e apresentou ao Gaeco comprovantes bancários e planilhas.

Trecho do depoimento de Julio Cesar Fernandes ao Gaeco de Itajaí.

Também em depoimento ao Gaeco, João Jorge Fernandes, pai de Julio Fernandes, destacou que todos os pátios do Estado pagavam vantagens, como almoço ou jantar comemorativo aos integrantes da Comissão de Leilões em suas viagens por Santa Catarina.

João Fernandes relatou que os pagamentos seriam exigência do então presidente da Comissão de Leilões, o coronel da Polícia Militar Édson Rui da Silva Castilho, exonerado do cargo pela Secretaria de Segurança Pública após a Operação Parada Obrigatória II.

João Fernandes afirma que quem não pagasse não seria contemplado com o número ideal de leilões.

Nesta quinta-feira, o DC procurou novamente o coronel Castilho por meio do advogado dele, Nilton Macedo, mas não conseguiu a entrevista. O coronel nega os crimes e afirmou por meio do advogado que sempre trabalhou em prol do interesse público.

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Ao Gaeco, o coronel afirmou que “os serviços prestados pela comissão que presidia foram reconhecidos nacionalmente, que os leilões tiveram rotatividade e melhora significativas, proporcionando incremento significativo de receita ao Estado de SC”.

No inquérito da Parada Obrigatória II, também consta a investigação sobre furtos de peças de veículos apreendidos em pátios de Itajaí e Brusque. Outro ponto narrado é o sumiço de 715 motos do pátio de Itajaí.

SSP diz que irá apurar se houver informações

O secretário da SSP, César Grubba, disse por meio da assessoria de imprensa que mantém contato direto com o Gaeco a respeito do caso e que até o momento a única confirmação desta situação é a que envolve o coronel Castilho, que já foi exonerado, vai responder à sindicância na PM e que já foi substituído por outro oficial na presidência da Comissão de Leilões.

Grubba afirmou que em nenhum momento chegou à SSP informações via Gaeco de envolvimento de outros profissionais da Comissão de Leilões, mas que se isso acontecer haverá procedimentos internos para apurar possível envolvimento em fatos delituosos, o que poderá acarretar no desligamento deles.

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A assessoria observou que não há estagiários na Comissão de Leilões e sim funcionários terceirizados. No total, integram a Comissão 11 técnicos administrativos efetivos do Detran, policiais da reserva remunerada da PM, policiais da ativa e funcionários terceirizados.

* Colaborou Dagmara Spautz

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