As demissões crescentes têm provocado maior movimentação nas agências de emprego. A psicóloga Janete Neves Buss, da empresa de recursos humanos RHi Gestão de Pessoas, relata que o número de currículos cadastrados no sistema da empresa cresceu.
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Levantamento aponta cargos mais valorizados e afetados pela crise
Por outro lado, as contratações têm diminuído consideravelmente nos últimos meses. No ano passado, a média de vagas oferecidas era de 60 ao mês, enquanto este ano caiu para 25 a 30. Segundo Janete, a queda começou a ser sentida a partir de fevereiro e afeta todas as vagas, mas principalmente as estratégicas.
– Temos excelentes profissionais em busca de trabalho e não temos empresas para recolocar essas pessoas – diz.
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Maria Altemi de Souza, 35 anos, trabalha há cerca de três meses como recepcionista na NeoLabor, agência de recrutamento e seleção. Formada em recursos humanos, ela passou meses desempregada em São Paulo antes de se mudar para Florianópolis, onde, segundo amigos, estava mais fácil de se recolocar no mercado de trabalho.
Após deixar o currículo em algumas lojas no comércio e tentar vagas na área administrativa por sites de seleção, Maria recebeu a proposta de emprego como recepcionista.
– Consegui o trabalho depois de um mês procurando. É a primeira vez que trabalho como recepcionista. Acredito que no momento que estou vivendo está sendo bastante útil – diz.
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Em março deste ano, Annie Lyse da Silva, 32 anos, foi demitida do emprego como operadora de máquinas. A empresa justificou redução de gastos. Annie tentou vagas na mesma função e na área administrativa – na qual é formada – entregando currículos nos estabelecimentos e em sites e agências de emprego.
– Às vezes era chamada para entrevista de emprego, mas não dava em nada. Muitas vezes nem era chamada – conta.
Depois de quatro meses de busca, conseguiu um cargo administrativo e outro na logística, mas preferiu a operação de máquina por ter um salário maior e foi contratada na semana passada. Em relação ao emprego anterior, a remuneração deve ser a mesma.
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Saldo no ano continua positivo em SC
A crise que afeta os principais setores da economia brasileira começa a mostrar seus efeitos na qualidade dos empregos em Santa Catarina. No primeiro semestre do ano, o Estado, que vinha apresentando bons índices na geração de postos de trabalho e baixas taxas de desocupação, registrou queda no número de novas vagas.
O saldo no semestre ainda é positivo: 11.845. Mas, nos últimos três meses, SC perdeu 18.848 empregos, a maioria com salários médios (de R$ 960,39 a R$ 3.233,55). Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Um levantamento feito pelo consultor do site especializado Trabalho Hoje, Rodolfo Torelly, que cruza dados das 20 ocupações com mais demissões e admissões com as médias de salários, mostra que há uma tendência de eliminação dos empregos em cargos com remuneração média, como de gerentes e supervisores administrativos.
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Em contrapartida, há mais vagas em funções operacionais e admissões por salários menores. Neste grupo, o salário varia de R$ 774,14, pago a operadores de telemarketing, por exemplo, até R$ 1.637,80, salário médio de professores com nível superior no ensino fundamental (primeira a quarta séries).