A crise que afeta os principais setores da economia brasileira começa a mostrar seus efeitos na qualidade dos empregos em Santa Catarina. No primeiro semestre do ano, o Estado, que vinha apresentando bons índices na geração de postos de trabalho e baixas taxas de desocupação, registrou queda no número de novas vagas.

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Agências de seleção têm mais procura e menos vagas

O saldo no semestre ainda é positivo: 11.845. Mas, nos últimos três meses, SC perdeu 18.848 empregos, a maioria com salários médios (de R$ 960,39 a R$ 3.233,55). Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Um levantamento feito pelo consultor do site especializado Trabalho Hoje, Rodolfo Torelly, que cruza dados das 20 ocupações com mais demissões e admissões com as médias de salários, mostra que há uma tendência de eliminação dos empregos em cargos com remuneração média, como de gerentes e supervisores administrativos.

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Em contrapartida, há mais vagas em funções operacionais e admissões por salários menores. Neste grupo, o salário varia de R$ 774,14, pago a operadores de telemarketing, por exemplo, até R$ 1.637,80, salário médio de professores com nível superior no ensino fundamental (primeira a quarta séries).

Para o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese) de Santa Catarina, José Álvaro Cardoso, a diferença salarial entre os demitidos e contratados não é surpreendente em tempos de crise:

– As empresas aproveitam a rotatividade para achatar salários. É uma tendência que se intensifica quando a situação no mercado de trabalho piora – explica.

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Ele acrescenta que o bom desempenho do Estado no saldo geral de empregos é reflexo do comportamento do mercado de trabalho nos últimos anos, quando SC vinha gerando vagas acima da oferta de mão de obra.

Impacto negativo no turismo de SC

As ocupações em serviços ligados ao turismo, como garçons, cozinheiros e camareiros, estão entre as que sofreram as maiores baixas nos últimos seis meses. Considerando-se também as ocupações no comércio, como vendedores e demonstradores de lojas, houve perda de 7.455 empregos no acumulado de seis meses.

De acordo com o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Catarina (Fhoresc), Estanislau Bresolin, o turismo vem sofrendo com a retração da economia desde a última temporada:

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– Nós tivemos uma temporada com números inferiores aos do ano passado. E os números do período posterior são ainda piores.

O economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC), Luciano Córdova, avalia que as baixas no setor começaram a ocorrer no início deste ano. O último levantamento da federação, realizado em maio, mostra que no acumulado de 12 meses o comércio teve um saldo positivo de 4.868 vagas.

– A retração da economia e a inflação diminuíram o poder aquisitivo das famílias, impactando o volume de vendas e reduzindo o investimento dos empresários – justifica.

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