O mistério do desaparecimento da menina Emili Miranda Anacleto, de dois anos, de Jaraguá do Sul, completa 30 dias nesta sexta-feira. A angústia da família da garota começou quando o pai, Alexandre Anacleto, 31, levou a filha durante uma visita assistida da casa da mãe dela, Josenilda Miranda, 21.

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Três dias após o sumiço, o carro de Alexandre foi encontrado queimado na praia de Itajuba, em Barra Velha, com um corpo carbonizado dentro. A perícia confirmou posteriormente que o corpo encontrado era o do pai de Emili. Desde então, a polícia montou uma força-tarefa para desvendar o paradeiro da menina.

Estão envolvidos na investigação policiais civis de Jaraguá do Sul, Barra Velha e da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, de São José, na Grande Florianópolis.

Segundo o delegado Wanderley Redondo, titular da delegacia especializada em desaparecidos, desde o início das investigações dois agentes foram destinados especificamente para este caso. Foram ouvidas testemunhas, amigos e parentes da família de Emili.

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– Não temos prazo para encerrar as investigações. Também não temos nenhum indício de que Emili possa estar morta, por isso continuamos realizando diligências para encontrar a garota – explica Redondo.

Testemunha-chave

De acordo com ele, há detalhes importantes na investigação que são mantidos em sigilo. A reportagem do AN Jaraguá apurou que a delegada Milena de Fátima Rosa, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso de Jaraguá do Sul, procura o proprietário de um Fiat Strada de cor branca, com placas de Jaraguá do Sul.

Ele foi visto próximo ao veículo conduzido por Alexandre antes de ele ser queimado. Conforme a delegada, o depoimento deste homem pode esclarecer o paradeiro da menina Emili.

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Confira a entrevista com a mãe de Emili

AN Jaraguá – Após 30 dias, que avaliação a senhora faz do processo de investigação?

Josenilda Miranda – Nos últimos dias, tivemos poucas novidades. São 24 horas sem resposta, sentindo a falta da Emili. Acredito que apenas o caso do carro queimado do Alexandre teve mais respostas. Por enquanto, só temos a esperança de que Emili esteja viva.

AN Jaraguá – Como Alexandre conseguiu levar Emili?

Josenilda – A visita era a cada 15 dias e sempre aos sábados. O Alexandre pediu para trocar e eu aceitei. Chegou lá em casa por volta das 10 horas. Acordei a Emili, pois ela tinha tomado mamadeira às 7 horas e voltado a dormir. Quando fui buscar a mamadeira, o Alexandre saiu correndo com ela e entrou no carro. Fiquei em estado de choque porque sabia que ele desapareceria pela segunda vez com ela.

AN Jaraguá – A sua relação com o pai de Emili era muito conturbada?

Josenilda – Moramos juntos por três anos. Neste tempo, ele me batia e saía de casa sem dar explicações. Me separei justamente por não querer que a Emili presenciasse a violência dele contra mim. Mas ele não aceitava o fim da relação e me perseguia. Disse que iria fazer algo para a Emili para me atingir.

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AN Jaraguá – Como era a sua rotina de mãe com a Emili?

Josenilda – A Emili sempre dormiu comigo. Acordava às 7h30 e já queria brincar. Puxava as minhas cobertas e sempre com um sorriso no rosto. Tomávamos banho juntas. Ela me chamava de “Mana”, meu apelido. Só quando queria algo é que falava “mãe”. Emili adora brincar com a motinho dela, como qualquer criança normal. Dói falar nesse assunto. Ela estava presente em cada segundo do meu dia.

AN Jaraguá – Qual foi o dia mais marcante desde que Emili desapareceu?

Josenilda – O dia do aniversário dela, na semana passada, foi o mais difícil. Eu e meus pais já tínhamos preparado tudo para a festa. Até a roupinha estava comprada. Ela está na melhor época, começando a falar tudo, perguntar tudo, e eu estou perdendo.

ENTENDA O CASO

21/5: O pai de Emili, Alexandre Anacleto, foi à casa da mãe da menina e ex-companheira dele, Josenilda Miranda, em Jaraguá do Sul, para fazer uma visita assistida à criança. Depois de uma discussão com Josenilda, ele fugiu com a menina dizendo que iria matá-la e depois se matar.

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No mesmo dia, sem notícias do ex-marido e da filha, Josenilda registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso de Jaraguá do Sul e denunciou o rapto da filha por parte do pai.

23/5: O carro do pai de Emili é encontrado queimado em Itajuba, em Barra Velha. Dentro dele estava um corpo carbonizado. A Delegacia de de Pessoas Desaparecidas, de São José, foi acionada, já que a menina estava desaparecida.

O corpo localizado no carro foi encaminhado para o IML de Itajaí, onde passou por exame de DNA. A previsão era de que o resultado sairia em 30 dias.

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26/5: As polícias de Barra Velha e de Jaraguá do Sul começaram a realizar visitas às famílias paterna e materna de Emili.

28 e 29/5: Os delegados das duas cidades chamaram familiares e conhecidos da menina Emili e do pai Alexandre para prestarem depoimento.

6/6: A perícia confirma que o corpo encontrado no carro queimado em Barra Velha é o do pai de Emili, Alexandre Anacleto.

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13/6: Emili completa dois anos de idade. A Polícia Civil mantém as investigações abertas, mas continua sem pistas do paradeiro da criança.

16/6: A polícia procura por um Fiat Strada branco. O motorista do veículo foi visto próximo ao carro de Alexandre antes de ele ser queimado.