O clima de disputa na base governista pela cadeira de Gelson Merisio (PSD) 10 meses antes do fim do mandato do presidente da Assembleia Legislativa pode reviver cenários de forte disputa que não se repetem desde 2005, quando fim do veto secreto para a escolha do cargo deu início a uma sucessão de escolhas por unanimidade.

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Naquele ano, o ex-deputado Júlio Garcia (PFL/DEM) se elegeu por 40 votos a zero. Desde então, foram outras três eleições: a reeleição de Júlio Garcia, a divisão de mandato entre Jorginho Mello (PSDB) e Gelson Merisio e a recondução do atual presidente. Todas com uma tranquilidade não registrada nas escolhas anteriores.

Em 2003, por exemplo, Volnei Morastoni (PT) não conseguiu unanimidade mesmo sendo candidato único, porque 10 deputados de oposição votaram em branco. Eles eram contrários à articulação realizada pelo então governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que prometeu a cadeira ao PT como retribuição ao apoio do partido no segundo turno das eleições de 2002.

O antecessor, Esperidião Amin, tentou coisa parecida em 1999, sem sucesso. Ele prometeu o cargo ao PSDB, mas acabou derrotado por um deputado de seu próprio partido. Descontentes com os espaços conquistados na administração, governistas liderados por Gilmar Knaesel articularam com os oposicionistas PMDB e PT e venceram a disputa. No dia seguinte à eleição, Knaesel, hoje tucano, diria que “os deputados também não escolhem os secretários de governo”.

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Mas nada se compara ao que aconteceu em 2001, também no governo Amin. Com apoio da oposição, Jorginho Mello (PSDB) tentou repetir a tática de Knasel, enquanto o governo apostou em Onofre Agostini (PFL). Com o sistema de votação eletrônico danificado por uma enchente que atingiu a Assembleia, a eleição foi realizada em cédulas de papel.

No primeiro turno, foram 20 votos para Jorginho e 19 para Onofre. Acusando a existência de cédulas marcadas, os aliados do tucano deixaram o plenário para impedir o quórum mínimo de 21 parlamentares. Os governistas votavam, alcançando 20 votos, quando o oposicionista Ronaldo Benedet (PMDB) entrou no local.

O então deputado Paulo Bornhausen (PFL) pediu verificação de quórum e a presença do peemedebista foi computada como abstenção na votação, garantindo o quórum e a vitória de Onofre por 20 votos a zero. O grupo derrotado acusou os vencedores de “golpe” e prometeu obstruir os trabalhos. Jorginho tentou derrubar a eleição na Justiça, mas não teve o pedido atendido.

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