Um vídeo publicado nas redes sociais pelo superintendente do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (Igeof) e pastor da Assembleia de Deus, Everson Mendes, mostra o prefeito Cesar Souza Jr. (PSD) garantindo que encaminhará o Plano Municipal de Educação (PME) à Câmara de Vereadores sem nenhuma menção a identidade de gênero ou sexualidade.

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O registro teria sido feito logo após uma reunião com cerca de 50 lideranças evangélicas e católicas em uma sala da Secretaria de Administração, no Centro, na última terça-feira.

Caderno Universitário: Prefeito de Florianópolis confirma retirada de menção a gêneros no plano municipal de educação

– A educação e a religião são atribuições da família. A prefeitura e o Estado não podem se intrometer, até porque há muitos outros pontos importantes a serem discutidos (dentro do Plano Municipal de Educação). Da minha caneta, nada que diga respeito a ideologia de gênero será encaminhado à Câmara. Assumimos aqui esse compromisso público – afirma o prefeito.

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– Vitória da família e do povo de Deus – encerra o superintendente.

Questão da diversidade sexual repercute nos planos de educação de SC e Capital

Segundo Mendes, sua participação no encontro se deu por ser um dos poucos na prefeitura com “forte ligação com os evangélicos” – o que teria sido reforçado pelo fato de nenhum vereador religioso estar disponível no momento da reunião. Ele considera o plano “muito bem elaborado”, mas discorda da inclusão das questões de gênero no PME e considerou acertada a decisão de Cesar Sousa Jr.

Manifestação do Prefeito César Souza, contrária aos artigos de ideologia de gênero e sexualidade no plano Municipal de educação. VITÓRIA DAS FAMILIAS DE FLORIANÓPOLIS.

Posted by Everson Mendes on Quarta, 29 de julho de 2015

Imagens: Rodolfo Carreirão/Facebook

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Os planos de educação estabelecem metas e estratégias para o ensino no período de dez anos. Cada esfera – federal, estadual e municipal – tem autonomia para elaborar seu próprio plano, mas seguindo diretrizes do Ministério da Educação (MEC).

Embora os documentos tracem diversos objetivos importantes – como o número de alunos por sala e a remuneração dos docentes, entre outros -, grupos têm acirrado o debate principalmente em torno da inclusão do ensino sobre gênero e sexualidade nas escolas.

Projeto ainda depende da procuradoria da prefeitura

Segundo o deputado estadual e também pastor da Assembleia de Deus, Ismael dos Santos (PSD), tratou-se de uma conversa “informal” com o prefeito, com o objetivo de expor a posição das lideranças religiosas em relação ao debate. O encontro, afirma o deputado, foi convocado pelo Conselho de Pastores de Florianópolis e reuniu cerca de 50 pessoas.

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– Nossa preocupação era que o documento fosse enviado à Câmara com essas menções à identidade de gênero – afirma.

Florianópolis é uma das 26 cidades catarinenses que ainda não aprovaram a lei. No final de junho, o procurador-geral do Município, Alessandro Abreu, havia recomendado a retirada das menções a “ideologia de gênero” do texto original do projeto de lei.

Na época, Abreu afirmou que tratava-se de uma questão técnica e constitucional, já que o tópico foi retirado também do Plano Nacional de Educação em abril do ano passado.

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O documento foi encaminhado ao Conselho Municipal de Educação, que acompanhou a elaboração do plano e decidiu por manter o texto original. Na terça-feira, o projeto voltou à procuradoria, que dará um novo parecer antes de reencaminhá-lo ao prefeito e à Câmara de Vereadores.