O Governo da Ucrânia impôs, nesta quinta-feira, o controle de passaporte em torno do leste rebelde pró-russo, isolando a região fisica e economicamente. Desde que os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk realizaram eleições independentes no último domingo, Kiev endureceu suas políticas para com os rebeldes, colocando em risco o acordo de paz assinado em setembro.

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A partir de agora, qualquer pessoa deverá apresentar o seu passaporte para entrar ou sair da área sob controle rebelde, onde mais de 4 mil pessoas morreram desde o início do conflito armado em abril. Kiev também negou o acesso ao resto do país aos estrangeiros que entrarem no leste pela parte da fronteira russo-ucraniana sob controle separatista.

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Ucrânia reverá acordo de paz após eleições nas regiões separatistas

– É território ucraniano. Mas, uma vez que é gerido temporariamente pelos rebeldes, precisamos introduzir controles. Russos armadas entram sem nenhum obstáculo nesta área a partir do lado russo. Precisamos garantir que eles não avancem além desta região – explicou Sergui Astakhov, guarda de fronteira.

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Governo anuncia fim de benefícios sociais no Leste

O presidente ucraniano Petro Poroshenko garantiu, na terça-feira, que o governo central continua comprometido com o plano de paz, mas que irá introduzir uma série de medidas para se defender e evitar a propagação do conflito. Diante de uma grave crise econômica, uma dessas medidas será o fim dos benefícios sociais no leste.

Na prática, a decisão do governo, que entrará em vigor nos próximos meses, fará com que os habitantes dessas regiões só voltem a receber seus benefícios ao se mudarem para os territórios controlados por Kiev. Até então, muitos aposentados que vivem na área sob controle rebelde, incluindo aqueles que apoiam os separatistas, saía rapidamente para pegar as suas aposentadorias e retornavam.

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– Este é o fim do turismo da aposentadoria. Aqueles que apoiam os separatistas podem ficar com eles, mas nós não vamos pagá-los – afirmou um porta-voz do governo.

A Ucrânia também planeja cortar todo financiamento orçamental a estes territórios. De acordo com o primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk, a região recebia cerca de 34 bilhões de hryvnias (1,8 bilhão de euros) em subsídios anuais.

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– Este é um primeiro passo para a guerra econômica lançada por Kiev contra os separatistas depois de não conseguir derrotá-los militarmente – explicou o cientista político Taras Berezovets.

A Ucrânia estava a ponto de sufocar a rebelião antes do final de agosto quando teve que lidar com uma poderosa contra-ofensiva rebelde que, segundo Kiev, contou com a participação do exército russo. Um cessar-fogo instaurado no início de setembro permitiu uma diminuição na intensidade dos combates.

Moscou acusa Kiev de ‘pisotear’ acordos de paz no leste separatista

A Rússia acusou o governo de Kiev de ter pisoteado os acordos de paz, intensificando sua operação militar contra os separatistas pró-russos no leste do país.

– Hoje está claro que estes acordos foram pisoteados pela parte ucraniana. Ao invés de participar na desescalada da situação, Kiev recorreu intensamente à força militar no sudeste do país, com o uso de armas pesadas, o que provocou milhares de mortes e destruições em massa – informou o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.

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*AFP