O Brasil coloca em dúvida seu papel de líder ambiental e pode perder milhões de hectares de floresta na Amazônia com a aprovação do Código Florestal, advertiram nesta quarta-feira organizações ambientalistas presentes na conferência da ONU contra as mudanças climáticas (COP-17) em Durban, África do Sul.

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“Dilma, pare as motosserras”, escreveu o Greenpeace em um grande painel luminoso refletido sobre o principal hotel onde acontece a conferência da ONU, que reúne 190 países em Durban.

Desde a semana passada, a organização não-governamental articula manifestações na África do Sul e no Brasil contra a aprovação do Código Florestal.

O Senado brasileiro aprovou na noite de terça-feira uma reforma do Código Florestal, a lei de 1965, que estabelece o percentual de áreas que devem ser preservadas, que chega a 80% nas propriedades da Amazônia.

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– O mundo espera que a presidente Dilma Rousseff reafirme o compromisso com o desenvolvimento sustentável e o combate às mudanças climáticas, vetando as mudanças na lei – reagiu o diretor internacional da WWF, Jim Leape.

– A aprovação desta legislação fará com que seja praticamente impossível para o Brasil alcançar seus compromissos apresentados na conferência do clima em 2009, quando se comprometeu a reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia – completou.

A rede de ONGs Observatório do Clima considera que o novo código coloca em risco até 79 milhões de hectares de florestas que ficarão sem proteção ou deixarão de ser reflorestados, uma superfície equivalente ao território conjunto de Alemanha, Áustria e Itália.

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A mudança foi uma exigência do poderoso setor agropecuário, que considerava a legislação muito exigente em um país que tem 537 milhões de hectares de cobertura vegetal. O governo havia aceitado uma flexibilização em troca da recuperação de áreas desmatadas.

Na segunda-feira, o Brasil anunciou o menor nível de desmatamento em 13 anos, que chegou a 6.200 km² em 2011, após o pico de 27.000 km² em 2004. A Confederação da Agricultura e Pecuária afirma que a lei dará segurança jurídica ao campo e não promoverá mais desmatamentos.

O Greenpeace divulgou vídeo, com imagens da manifestação em Durban: