“No começo (de qualquer iniciativa de sucesso) é preciso parar de falar e começar a fazer. E é este movimento que vejo acontecendo em Joinville.”
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A fala de José Rizzo, CEO da Pollux – empresa de tecnologia industrial –, expressa uma das avaliações sobre o atual cenário econômico, o fortalecimento do ecossistema de inovação e o futuro joinvilense evidenciados durante o Painel Nosso Vale do Silício. O encontro, realizado na noite desta segunda-feira, 12, na UniSociesc, reuniu especialistas das três hélices da inovação – poder público, iniciativa privada e academia – e apontou como a mais industrial das cidades catarinenses encara hoje a transição de sua matriz econômica.
De município genuinamente industrial a local “conectado”, os caminhos se abrem para que Joinville se torne um polo tecnológico capaz de ajudar o Estado a ser referência no segmento para o país. A percepção ecoa à medida que começam a ganhar formas ações como a construção do Ágora Tech Park, o parque tecnológico no Perini Business Park, e o desenvolvimento de iniciativas como o Join.Valle e o plano traçado para tornar a cidade inteligente e humana (smart city) nos próximos anos. Movimentos que deixam o papel para consolidar os rumos locais.
Hoje, o Norte de SC emprega quase 10 mil pessoas na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), além de somar 2,5 mil empresas e 3,7 mil empreendedores no setor, conforme a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). Números, que chamam a atenção para a contribuição de atingir uma realidade estadual: 5,6% do PIB de Santa Catarina vêm da área da tecnologia – o que representa R$ 15,5 bilhões em faturamento.
Inovação é caminho para que município inicie processo de transformação
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Antes do início do painel, Luciano Moura, gerente executivo da NSC Joinville, apresentou a Negócios SC.
– Essa é uma plataforma inédita dentro de uma empresa de comunicação, buscamos referências no mundo inteiro e não encontramos nada parecido – afirmou.
A maioria das cadeiras da plateia estavam cheias, compostas por estudantes e profissionais. O evento também contou com a presença do prefeito de Joinville, Udo Döhler (MDB).
A diretora da Ânima Digital e líder do projeto Graduação 4.0 na UniSociesc, Patrícia Fumagalli, concedeu ao público um panorama sobre a renovação das competências dos profissionais exigidos pelo mercado, o que precisa ser feito para que a formação educacional acompanhe a velocidade das transformações exigidas nas empresas e como elas podem ajudar a formar os novos talentos e a encontrá-los.
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– Existe a necessidade dos jovens e da educação de entender como formar os profissionais demandados para este novo mercado e, por outro lado, como as organizações podem identificar e buscar esses talentos e também agir como formadoras. Além disso, é preciso que haja a conexão entre esses dois polos, em meio à queda no emprego formal, as novas tecnologias, as novas relações de trabalho e as novas competências exigidas – avaliou.
Na sequência, o debate seguiu com a participação de José Rizzo, que também é o atual presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), Danilo Conti, secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável de Joinville; Emerson Edel, diretor de Operações da Perville (responsável pela construção do Ágora Tech Park); e Jefferson Oliveira, diretor-regional do sistema Senai.
Representante do Executivo municipal, Conti destacou como a inovação está transformando a realidade das cidades e como a gestão pública pode se valer da tecnologia para melhorar processos e realizar investimentos assertivos e com menos recursos financeiros capazes de elevar a qualidade de vida da população.
– Entendo como necessário o empoderamento desse ecossistema e Joinville já reúne exemplos positivos, como o desenvolvimento do smart mobility, #Join30 e o próprio parque tecnológico. Isso demonstra como a cidade está se renovando diante dessa nova economia e do potencial econômico que ela apresenta – disse Conti.
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Essa “vibe” também é corroborada por José Rizzo. Segundo ele, a cidade está vivendo um momento importante porque voltou a sonhar grande e a cidade está mais ambiciosa.
– É como se (a cidade) estivesse adormecida e houve um despertar. Em 25 anos morando em Joinville, é a primeira vez que vejo as universidades, a população, a iniciativa privada e o poder público, todos mobilizados em busca de uma matriz econômica mais próspera, mantendo uma indústria forte e com uma pegada mais tecnológica – analisou.
Parte importante no processo de consolidação da nova matriz econômica virá com a inauguração do Ágora Tech Park, a partir de 28 de março de 2019. O prédio físico, que está em construção dentro do prazo agregará incubadoras, empresas de referência como a joinvilense ContaAzul, e também terá participação direta da Universidade Federal de Santa Catarina.
– Temos a responsabilidade de desenvolver e organizar o ecossistema de inovação para que a região seja referência nacional. A nossa aposta é que o Ágora seja o grande propulsor disso, porque para que este ecossistema funcione ele demanda do ambiente (físico), que é o que muitas vezes precisa também o maior investimento. E o Perini Business Park (onde o Ágora está sendo construído), em conjunto com os outros atores, comprou a ideia com o intuito de acelerar esse processo – justificou Edel.
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A importância de falar para as pessoas da sociedade sobre os novos processos, em uma combinação de novas tecnologias, regulamentação, formação e o novo mercado de trabalho norteou a fala de Jefferson Oliveira, do Senai.
– Antigamente, a pessoa estudava para ter uma profissão a vida inteira. Hoje, você estuda a vida inteira para ter uma profissão.
As pessoas vivem mais e ficam customizadas, elas querem soluções para o dia a dia, e a tecnologia para isso está à mão. Mas isso provoca um mundo muito diferente, com necessidade de novas regulamentações, com um mercado de trabalho diferente – afirmou Oliveira.