Comovido com a tragédia que se abateu sobre a família Medeiros, Andrei Leandro Mello, o soldado Mello, conta como foi o atendimento ao acidente que tirou a vida dos três irmãos no início da noite desta quinta-feira em Petrolândia. Bombeiro comunitário desde 2005 e militar desde 2012, Mello afirma que nos nove anos que atua na corporação de Ituporanga nunca tinha presenciado uma cena como a que viu na última noite. Para o soldado de 31 anos tudo foi uma grande fatalidade. Um pedaço de apenas dois centímetros do fio de 220 volts que alimenta o poço artesiano da casa encostou na cerca e energizou o fio de arame farpado.

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Segundo o bombeiro, a avó das crianças, que mora a 300 metros da casa dos netos, foi a primeira a se deparar com a cena e, abalada, levou cerca de dez minutos para acionar o socorro. Mello explica que não há como saber há quanto tempo as crianças já estavam desacordadas, mas quando o socorro chegou nenhum dos irmãos tinha pulso.

– Foi uma fatalidade, por causa de dois centímetros de fio desencapado tudo isso aconteceu. Em nove anos de serviço nunca presenciei uma cena como essa – lamenta o soldado que também tem uma filha pequena.

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Por causa de queimaduras no joelho, a corporação acredita que Igor, o caçula de quatro anos, foi o primeiro a encostar na cerca e sofreu o choque. Vinícius, de seis anos, não sofreu queimaduras, mas ao tentar ajudar o irmão sofreu uma parada cardiorrespiratória causada pela descarga elétrica. Schaiani, de 14 anos, tinha queimaduras na mão esquerda, o que indica que a menina também teve contato com a cerca energizada ao tentar socorrer os irmãos.

Soldado Mello. Foto: Reprodução

Além de Mello, o soldado Luis Fernando e o chefe do socorro Jorge Mancilla Jr participaram do atendimento no início da noite desta quinta-feira. O plantão dos bombeiros envolvidos no socorro dos três irmãos encerrou às 8h desta sexta-feira, mas por conta da gravidade do acidente nenhum deles deixou a corporação na manhã desta sexta-feira. Era 9h30min quando Mello falou com reportagem do Santa. O soldado ressaltou que caso o disjuntor tivesse sido desligado, a tragédia poderia ter sido evitada:

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– Nesses casos o procedimento correto é desligar o disjuntor para que a corrente elétrica fique suspensa. Ao fazer isso é preciso checar os sinais vitais da vítima e, caso alguém tenha conhecimento de primeiros socorros, aconselhamos que a pessoa tente reanimar o ferido. Duas mortes poderiam ter sido evitadas ontem, mas somos humanos e nosso instinto é correr e encostar na pessoa para tentar ajudar. Eram apenas crianças e agiram como qualquer um agiria – conclui.