Numa das imagens mais marcantes do movimento por eleições diretas, em 1984, mais de 1 milhão de pessoas participaram do que era a maior manifestação pública da história do Brasil até então. Na foto que ficou para a posteridade, estão de mãos dadas cantando o Hino Nacional lideranças políticas como Lula, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola. Natural que, num dos momentos políticos mais importantes do Brasil, fossem eles os personagens na linha de frente. Mas no palco, ao lado dessas figuras intimamente ligadas à política partidária, estavam outros personagens: o humorista Jô Soares, o sambista Martinho da Vila, o locutor esportivo Osmar Santos, a cantora Fafá de Belém.

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– Qualquer pessoa com uma atividade pública deve ter consciência de seu papel político. Embora fundamental seja a insatisfação popular, a presença de artistas e intelectuais foi de muita importância – diz Fafá.

Artistas discutem seu papel em um movimento marcado pela fragmentação

O ator e diretor Zé Adão Barbosa lembra que, quando iniciou no teatro, não havia líderes nomeados. Porém, recorda que “sempre houve artistas engajados”. Antes das Diretas, durante a ditadura militar, era no discurso de cantores populares que os insatisfeitos se viam representados. Até hoje, Cálice, de Chico Buarque, e Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, são hinos revolucionários. Basta ver que os versos de Chico aparecem nos cartazes dos jovens que hoje tomam as ruas do país.

– A arte é um processo revolucionário. Se o artista não se engajar, ele não tem relevância social. Eu comecei a fazer teatro extremamente preocupado com o movimento político, mais até do que com a própria arte – opina Zé Adão.

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Recentemente, artistas como Mart’nália, Ney Matogrosso, Fernanda Montenegro, Preta Gil e Caetano Veloso promoveram o chamado “beijaço” contra o pastor Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.