Quem frequenta o Norte da Ilha já está acostumado a ouvir idiomas diferentes, principalmente o espanhol. Porém, os chilenos, argentinos e alemães, além de brasileiros de diferentes estados, que estão reunidos no Iate Clube Veleiros da Ilha, em Jurerê, esta semana, não são turistas comuns. Juntos, somam 15 medalhas olímpicas da vela. E o principal destaque fala mesmo português: Torben Grael, cinco medalhas olímpicas, tetracampeão mundial e dono de um título da Volvo Ocean Race.

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Aos 54 anos, o paulista comanda um time de nove velejadores no barco Magia V rumo a um novo desafio na carreira: o Mitsubishi Motors S40 World Championship, que começa este domingo, às 12h, e vai até quinta-feira. Depois de passar por Chile, em 2013, e Espanha, em 2014, a prova internacional escolheu a raia de Jurerê para a sua terceira edição.

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Sem se preocupar com a vitória, já que não é especialista na categoria Soto 40, na qual todos os 11 barcos têm as mesmas medidas, o multicampeão brasileiro quer apenas aproveitar um pouco mais da emoção de velejar, enquanto nos bastidores se dedica à evolução do esporte no Brasil.

– A vela é muito vasta, há muitas competições diferentes para se fazer. Não pretendo parar, pretendo seguir velejando por lazer. Mas hoje sou coordenador técnico da Confederação Brasileira de Vela, minha principal atividade é essa – afirma Torben.

Entre os últimos ajustes para deixar o Magia V pronto para velejar, ele atendeu à reportagem do Diário Catarinense na manhã de sexta-feira. Confira a entrevista completa:

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DC – Você acompanha de perto a preparação do Brasil para o Rio 2016. Como está a campanha?

Torben Grael – Saio daqui de Florianópolis e vou direto para a próxima etapa da Copa do Mundo, na França, acompanhar os atletas. A preparação está indo bem, tem vários atletas com bom desempenho no circuito. O potencial está aí, a gente tem neste ciclo olímpico três equipes que ganharam mundial, isso mostra que a gente tem condições de vencer.

DC- Um desses destaques é a sua própria filha, Martine. Como foi vê-la se tornar a primeira mulher brasileira campeã mundial na vela?

Torben Grael – Foi bacana para caramba. Ela e a Kahena tinham ficado em segundo lugar no ano anterior, então sabia que tinham chances de ganhar.

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DC – Como é a troca de experiências entre vocês?

Torben Grael – Ela tem o treinador dela, eu só ajudo a orientar a campanha. Às vezes dou umas dicas, mas não é toda a hora não. Quando ela pede, eu dou a informação.

DC – Quais os principais desafios que encontrou desde que assumiu a função de coordenador da CBVela?

Torben Grael – Reorganizar a Confederação, ter critérios para todas as decisões, ter planejamento e apoio para os atletas de ponta, apoio para os atletas juvenis, de base. Aos pouquinhos, a gente vai conseguindo.

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DC – Como vê a vela de Santa Catarina no cenário nacional?

Torben Grael – Tem grandes velejadores em Santa Catarina. O André Fonseca na regata de Volta ao Mundo pela terceira vez. Bruno Fontes velejando com grandes resultados. E temos uma nova geração com Matheus Dellagnelo, Cristina Boabaid. Claro que sempre tem como melhorar ainda mais, mas as condições para a vela em Santa Catarina são boas.

DC – Já que a Olimpíada será no Brasil, o último ciclo olímpico foi mais forte que os anteriores, recebeu um incentivo maior?

Torben Grael – A gente tem tido um pouco mais de apoio por parte de Ministério de Esporte, Comitê Olímpico, a própria Confederação tem tentado se organizar melhor. Sendo o ciclo olímpico no Brasil, a gente tem um pouquinho mais de recursos, mas não é como se vê em outros lugares. Mas dentro da atual conjuntura, está sendo bom.

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DC – Por que o Instituto Rumo Náutico, da sua família, recusou-se a assumir um projeto sem licitação, em caráter emergencial, para ajudar na despoluição da Baía de Guanabara para os Jogos Olímpicos?

Torben Grael – O problema é que não se fez nada nos últimos seis anos desde que o Rio conseguiu ganhar a candidatura. Quando o secretário de meio ambiente solicitou a ajuda, a gente fez o projeto, o problema é você usar o fato de ser emergencial para fazer a contratação sem licitação. Até é emergencial, mas só virou emergencial por causa da inércia do Estado. No caso não foi nem problema do atual secretário, foi do anterior, que deveria ter feito alguma coisa e não fez.

DC – O local, que será o palco da vela, tem condições de receber uma Olimpíada?

Torben Grael – Se não forem feitas ações emergenciais, vai ser um vexame.

DC – Ainda assim, acredita que a Rio 2016 vai deixar um legado para o esporte brasileiro?

Torben Grael – Eu espero que sim. Ainda não é uma coisa palpável, mas espero que sim.

DC – Com tantas conquistas na carreira, pensa em aposentadoria?

Torben Grael – Não pretendo parar, pretendo seguir velejando por lazer. A vela é um esporte bastante vasto, amplo, não se resume só à vela olímpica, há muitas competições diferentes para se fazer.

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DC – Voltaria a participar da Volvo Ocean Race, que chegou a Itajaí na última semana?

Torben Grael – Não sei, depende do projeto, tem que ser um projeto bacana para fazer a Volvo. É uma regata super bacana se você fizer um projeto sério, planejado.

Mitsubishi Motors S40 World Championship

Com o conceito de one design, no qual todos os veleiros são idênticos quanto ao tamanho, peso e área das velas, a competição tem como objetivo destacar a capacidade e o talento de cada uma das equipes na hora de definir o vencedor. As tripulações participarão de 10 regatas em barla sota e a equipe que conseguir manter a menor pontuação no acumulado geral será a vencedora. Uma característica marcante da competição é a ausência de descartes, que exige atenção dos participantes na hora de traçar suas estratégias e torna a regata ainda mais imprevisível. No final do campeonato, os três veleiros com melhor desempenho serão premiados.

Largada: Iate Clube Veleiros da Ilha, Rodovia Tertuliano Brito Xavier, 3052, Canasvieiras

Programação

12/04, 12h – Primeira e segunda regatas

13/04, 12h – Terceira e quarta regatas

14/04, 12h – Quinta e sexta regatas

15/04, 12h – Sétima e oitava regatas

16/04, 12h – Nona e décima regatas