O subtenente da Polícia Militar (PM) Ênio Sebastião de Farias confessou em depoimento o assassinato da própria namorada, Hannelore Sievert, nesta sexta-feira na delegacia de Imbituba. Ele também assumiu a responsabilidade pela morte da mulher em um vídeo que gravou na cidade de Santana do Livramento junto com a polícia.
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A prisão preventiva do policial será pedida e ele deve ser transferido para Florianópolis ainda nesta sexta. O caso começou na sexta-feira da semana passada, quando o casal desapareceu. Ênio se tornou suspeito na quarta, quando um corpo queimado e enterrado foi encontrado em Imbituba, cidade que ambos moravam.
No mesmo dia, imagens da agência do Banco do Brasil de Tapes (RS) mostraram o subtenente sacando R$ 1 mil de uma conta conjunta.
:: Detalhes do depoimento
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Pelo depoimento do assassino confesso é possível afirmar que o subtenente Ênio Sebastião de Farias colocou o corpo já sem vida da namorada sobre o sofá-cama em que ambos dormiam, espalhou combustível e sentou para assistir as chamas consumirem a namorada. Em seguida, carregou os restos mortais nos braços por cerca de 200 metros, quando uma duna cedeu e ele aproveitou o buraco aberto para depositar o que sobrou de Hannelore Sievert.
Na tentativa de apagar os vestígios do crime, pôs gravetos e um pedaço de concreto sobre o local. A cena é o desfecho de uma briga do casal, que morava em Imbituba, na sexta-feira da semana passada, por volta de 21h. O policial militar havia bebido bastante e ela foi morta no próprio sofá-cama. O PM andou uma hora e meia pela BR-101 até voltar para casa. Lá, enrolou o corpo da namorada num tapete e amarrou o sofá no rack do Crossfox. Ambos foram queimados perto da Lagoa do Timbé.
O subtenente voltou para casa quando ainda era noite. A estimativa é de que tenha feito tudo entre 21h de sexta e 3h de sábado. Pela manhã, limpou a casa e ligou para a irmã, que foi visitar o policial militar. Mas guardou segredo sobre o crime. Esperou ela sair e arrumou a mochila. Como o carro tinha atolado no local em que ateou fogo em Hannelore, caminhou até a BR-101 e foi de carona para Tubarão.
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:: Fugir para o Uruguai
De ônibus, seguiu para Porto Alegre. No domingo, foi e voltou a Tapes (RS), onde sacou R$ 1 mil. Na segunda-feira, chegou a Santana do Livramento, porque o plano era fugir para o Uruguai. Ele cruzou a fronteira várias vezes e anotações mostram que buscou informações sobre o mercado de trabalho naquele país. Com habilidade em trabalho no campo, queria começar vida nova numa fazenda.
Os planos ruíram quando um hóspede da mesma pousada em que ele estava viu sua foto na imprensa. Foi preso no mesmo dia, quarta-feira. Questionado sobre os motivos, o subtenente respondeu que os dois tinham personalidade forte.
– Éramos dois durões – resumiu.
O delegado afirmou que faltam apenas os resultados das perícias para entregar o relatório das investigações. Apesar dos detalhes revelados pelo subtenente, há duas declarações que não batem com os laudos: ele afirma que atirou em Hannelore e que não esquartejou a namorada.
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Os peritos não acharam nenhum fragmento de bala ou perfuração de órgão ou tecido no corpo. A causa aparente da morte foi uma pancada no lado esquerdo do crânio. Mas os laudos apontam que existem, sim, indícios de que braços e pernas foram cortados.
::Sobre o caso:
O caso se arrasta desde a sexta-feira, dia 12, quando o subtenente e a professora Hannelore Sievert, 40 anos, desapareceram. O carro dele foi localizado em uma praia de Imbituba. Estava atolado, avariado e com manchas de sangue no interior.
Na quarta-feira, um corpo carbonizado, sem os braços e parte das pernas, foi encontrado enterrado próximo ao veículo. No mesmo dia, imagens das câmeras de uma agência bancária de Tapes (RS) mostraram o PM sacando R$ 1 mil.
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Ainda na quarta, a Justiça decretou a prisão temporária por cinco dias e o policial militar se tornou foragido. Era quase meia-noite daquele dia e o delegado de Imbituba, mandava e-mails para policiais da região e de outros estados quando o telefone tocou. O colega de Santana do Livramento anunciava que o subtenente fora localizado.
A Polícia Civil catarinense enviou o mandado de prisão por fax e o foragido foi capturado no começo da madrugada de quinta-feira, dia 18. Ele foi encaminhado para um quartel da Polícia Militar gaúcha. Pela manhã, Giordani e uma equipe da Delegacia de Imbituba foram de carro até a fronteira com o Uruguai para buscar o suspeito.