Setenta pessoas ligadas a movimentos sociais e a partidos políticos de esquerda reuniram-se na tarde deste sábado, em frente à Embaixada do Paraguai, na capital federal, para protestar contra o impeachment do presidente do país vizinho, Fernando Lugo. Gritando palavras de ordem, os manifestantes criticaram o que consideravam como golpe a decisão de retirar Lugo do poder.

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Segundo o integrante da juventude do PT, Yuri Soares, o ato foi organizado por meio de uma convocação via redes sociais. Para ele, o processo de saída do presidente paraguaio não foi realizado dentro da legalidade.

– Como pode ser legal uma destituição de um presidente eleito democraticamente em 24 horas com alegações fraquíssimas? -, questionou.

Ele lembrou que o processo de impeachment contra o ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL) durou meses, com acusações pesadas de irregularidades e pressão popular.

O grupo fincou bandeiras de movimentos sociais e partidos políticos na grade da embaixada. Policiais militares que reforçavam a segurança do local, contudo, informaram que o local estava vazio durante todo o dia.

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Presente ao encontro, o deputado federal Paulo Tadeu (PT-DF) defendeu que o governo brasileiro não receba o novo presidente, Federico Franco.

– Esse presidente é ilegítimo -, afirmou o parlamentar, que deseja a volta do presidente destituído. Ele sugeriu que o Congresso Nacional aprove uma moção de repúdio por causa da saída de Lugo e assunção de Franco.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment – proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta – é o “mau desempenho de suas funções”.

A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu no dia 15 de junho, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

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A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo – por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).