O novo presidente Federico Franco buscará recompor as relações do governo do Paraguai com seus vizinhos após o mal-estar causado pela destituição pelo Congresso de seu antecessor Fernando Lugo, afirmou neste sábado seu chanceler, Félix Fernández, em declarações a uma rádio paraguaia.

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– Ratificamos perante a comunidade internacional o cumprimento do ordenamento jurídico constitucional. Respeitamos muitíssimo os presidentes de nossas nações irmãs e vamos tentar conversar com eles – acrescentou o ministro Fernández em declarações à emissora de rádio 970.

Fernández disse que sua primeira atividade será entrar em contato com todos os países aliados do Paraguai para explicar a eles a situação vivida no país. O primeiro grande encontro internacional ao qual o novo governo deverá comparecer é a cúpula que o Mercosul, bloco integrado por Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina, realizará na cidade argentina de Mendoza na quinta e na sexta-feira.

O processo de destituição de Lugo durou um dia: na quinta-feira a Câmara de Deputados aprovou submetê-lo a um julgamento político e na sexta-feira o Senado votou por retirá-lo de suas funções, após uma audiência na qual os advogados de Lugo tiveram duas horas para apresentar sua defesa. Os governos de Equador, Venezuela e Bolívia disseram que não reconhecerão o novo governo.

O presidente Franco, em sua primeira coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, disse que Fernández se encarregaria de explicar aos sócios da Unasul que a mudança no Paraguai foi “completamente constitucional”, que existe calma, ordem e nenhum ambiente de movimento militar.

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– Não há ambiente de golpe, de bloqueio, não há militares nas ruas – disse Franco.

Ex-chanceler do governo de Luis Gonzáles Macchi e embaixador em vários países do continente, Férnandez é um especialista em direito internacional.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment – proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta – é o “mau desempenho de suas funções”.

A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu na sexta-feira da semana passada, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo – por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).

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