O torcedor do Joinville parece destinado a sofrer. Nos últimos dez anos, passou duas temporadas sem série; conseguiu o acesso para a Série C apenas graças a uma irregularidade do jogador do América-AM; comemorou os títulos nacionais de 2011 e 2014, mas tão rápido quanto subiu, despencou e agora volta a viver o drama que o assombrou entre 2004 e 2011.
Continua depois da publicidade
Mas o pior para o torcedor do JEC é quando a equipe depende dos outros. As chances normalmente são pequenas, mas o Tricolor sempre dá a esperança de que conseguirá o impossível. Doce ilusão. Em todas as cinco ocasiões nas quais o clube dependeu de outros, caiu deixando os jequeanos ainda mais tristes.
Leia as últimas notas de Elton Carvalho
Confira as últimas notícias do esporte
Continua depois da publicidade
Basta olhar para o passado. Em 2001, o Joinville chegou à última rodada da primeira fase da Série B precisando vencer o Caxias-RS, no Estádio Ernestão, com dois gols a mais em relação ao que o União São João fizesse diante da Desportiva-ES, no Espírito Santo. Empate ou derrota dos paulistas facilitaria a missão. Vitória do União por um gol de diferença obrigava o JEC a vencer por três gols de diferença.
O problema é que o União São João bateu a Desportiva-ES por 3 a 0, o que colocou a necessidade de o JEC ganhar por 5 a 0 do Caxias-RS. O Tricolor fez apenas 3 a 0 e foi eliminado.
Em 2007, mesmo problema. Na última rodada da segunda fase da Série C, o JEC precisava vencer o Águia Negra-MS e torcer por uma derrota do Villa Nova diante da Ulbra. O Tricolor fez a sua parte, mas o empate entre mineiros e gaúchos eliminou o time.
Continua depois da publicidade
Em 2009, na última rodada do quadrangular final do Catarinense, o Joinville conquistaria a vaga na final do Estadual e no Brasileiro da Série D se vencesse o Criciúma, fora de casa, e a Chapecoense tropeçasse diante do Avaí, na Capital. Novamente o JEC fez a sua parte, mas o Verdão do Oeste bateu o Leão, na Ressacada, ficando com as duas vagas e deixando o Tricolor sem calendário.
No ano passado, o JEC não cairia se ganhasse do Vila Nova-GO e o Oeste tropeçasse frente ao Náutico, em Recife. O JEC ganhou, mas o Oeste também somou três pontos e o Tricolor caiu.
Neste sábado, mais um capítulo desta trajetória de insucessos. O Tricolor dependia de empate de Botafogo-SP e Ypiranga e derrota do Tombense contra o Macaé. Com esta combinação, bastava vencer o Mogi Mirim por três gols de diferença. Não deu. Na verdade, o JEC ficou mais próximo de conseguir algo ainda mais improvável: tirar nove gols de diferença em relação ao Volta Redonda. Até a vitória do Botafogo-SP sobre o Ypiranga ficou pequena diante dos 8 a 1 sobre o Mogi Mirim.
Continua depois da publicidade
Ou seja, o torcedor do JEC até chegou a acreditar que daria, mas, outra vez, voltou frustrado para casa. Contar essas histórias e recuperar os insucessos é uma maneira de dizer que, há anos, o Joinville tem feito futebol de maneira errada. A coluna já apontou todos os erros cometidos pela direção do clube nos textos Chegou a hora de parar de tapar o sol com a peneira no JEC, O acaso acontece, mas, no JEC, os erros são previsíveis e Um terço dos contratados do JEC atuou uma ou menos de uma vez na temporada.
Todos estes erros eram repetidos no passado. O problema é que, em Joinville, há poucas pessoas que realmente conheçam e entendam profundamente o futebol. Em razão disso, “terceiriza-se” o departamento na mãos de gerentes, contratados para fazer esta função e que têm total confiança destas pessoas, não habituadas com o esporte.
Quando não há gerente, o futebol é feito como era na década de 80, algo completamente ultrapassado para os dias atuais. O JEC teve algum sucesso quando Nereu Martinelli passou a dedicar integralmente a fiscalizar as ações do departamento, entre 2011 e 2014. Mas isso só aconteceu após o próprio Nereu ter aprendido com uma série de erros dele mesmo, entre 2005 e 2006 e 2008 a 2010, quando ele já havia sido diretor de futebol do Joinville.
Continua depois da publicidade
Talvez o maior desafio da cidade e do conselho do clube seja encontrar uma pessoa capaz de fiscalizar (com conhecimento) e trabalhar em parceria com o gerente de futebol. De repente, o momento exija até a criação de uma comissão de futebol, que será responsável por diminuir o índice de erro nas contratações e assim, como consequência, enxugar os gastos do departamento, que impactam diretamente nas finanças do clube.
Este é o único caminho para a retomada das glórias do Joinville. Só assim, irão acabar as histórias de insucessos e tristezas, que não estão ligadas à “falta de sorte”. Tudo sempre aconteceu em razão das mesmas circunstâncias. Enquanto o JEC continuar a fazer futebol da mesma maneira (contratando 99 jogadores em três anos), os resultados sempre serão os mesmos.
O caminho para a mudança é enxergar que é preciso dedicação integral, estudo, paciência (para as críticas) e crença. Quem não está disposto a suportar toda a pressão e dedicação que o futebol exige, não deve se aventurar. Esta é a maior lição que quem gosta do JEC precisa aprender.
Continua depois da publicidade