Faltam apenas duas semanas para chegar ao fim a primeira fase da “Copa do Mundo” do JEC em 2017. E a sétima colocação não acontece por acaso. A derrota por 4 a 2 para o Macaé, em casa, não acontece por acaso. As 14 rodadas fora do G4 não acontecem por acaso.
Continua depois da publicidade
O Joinville paga a conta de seus erros. Dentro e fora de campo (especialmente). Vale o lembrete: foram 29 contratações nesta temporada. Quase três times. Dinheiro investido de maneira errada. E o prejuízo pode ser enorme, pois a equipe não depende apenas de suas forças para classificar entre os quatro melhores da Série C. Uma situação vergonhosa para quem jogou a Série A em 2015 e a Série B em 2016.
Leia as últimas notas de Elton Carvalho
Confira as últimas notícias do esporte
Continua depois da publicidade
Reclama-se que não há dinheiro para investir, mas boa parte dele é rasgado em 29 contratações. Faz sentido? Óbvio que não. Alguém conhece Lazio? Chaveirinho? Patric? Alisson? Eles estão na lista dos 35 inscritos para a Série C.
Tem mais. Lembra do Ciro? Aquele que foi liberado? Ele ficou e está inscrito. Neste ano, o JEC ainda teve o Bruno Batata, atacante que, há duas semanas, desistiu do futebol profissional.
Mas a culpa não é só deles. Estes jogadores são exemplos de equívocos posicionados um degrau acima: departamento de futebol. Há três anos, este setor erra porque não há cobrança. Quem cobra o gerente de futebol do JEC? Quem questiona como são feitos os investimentos?
Continua depois da publicidade
Esta situação, que se repete com Carlos Kila, já aconteceu com Júlio Rondinelli, João Carlos Maringá, César Sampaio, Léo Franco. No Joinville, o principal produto (futebol) é comandado por gerentes e/ou técnicos que podem errar à vontade. No fim do campeonato, se não der certo, eles apenas serão desligados, a conta fica com o clube e o calendário (ou falta dele) também. Não se pode terceirizar tanto a responsabilidade.
Por isso, podemos subir mais um degrau na escala de erros. Quem permite estas situações é o maior culpado. O efeito cascata está aí – liberdade em excesso para gerentes e técnicos = contratações erradas = times fracos = rebaixamentos/resultados vergonhosos = dívidas pelo excesso de gasto equivocado.
Um exercício simples é o da comparação: se está difícil para o Joinville (pela queda no número de sócios, falta de patrocinadores, dívidas do passado), o que dizer do Tupi? Está fácil lá? Será que é mais fácil trabalhar num clube que não tem apoio, não tem torcida e não esteve na Série A ou na Série B nos últimos cinco anos? Mais: se alguém considera o trabalho feito por aqui bom, o que dizer do mesmo Tupi, praticamente classificado à segunda fase da Série C? De quem é a culpa, afinal?
Continua depois da publicidade
Óbvio que é da direção. No entanto, em Joinville, infelizmente, o sol é tapado com a peneira. Inúmeras vezes. Quem é crítico, é rotulado como anti-JEC ou anti-Joinville. A estratégia sempre é falar em união, “todos juntos”, corrente positiva e estes exercícios ajudam a apagar o senso crítico. Este discurso engana o torcedor, que deixa de cobrar. É uma maneira de desviar o foco de quem realmente erra.
Há três anos, o clube acumula vexames e quem exige o melhor para o clube é rotulado pelos “patrulheiros da união” como anti-JEC. Passou da hora de enxergar que não é a união que faz a bola entrar ou a crítica que joga ela por cima da trave. Futebol é trabalho sério e profissional. É negócio. O Joinville não toma 4 a 2 em casa por falta de união. Não é falta de união que deixa o time fora do G4 durante 14 rodadas. Não é a crítica que deixa o time fora do G4.
Tudo isso acontece por erros de pessoas que desviam o foco com estes discursos ultrapassados. O Joinville repete o mesmo ciclo há três anos e não aprende. Quem está no comando precisa assumir os erros. Ninguém os obrigou a estar lá. E eles sabiam que estavam sujeitos a estas críticas. Dizer que está difícil é o discurso comum. Será que está fácil para alguém no futebol?
Continua depois da publicidade
O JEC até pode subir (é improvável, mas pode), no entanto, o torcedor precisa ter consciência de que o trabalho é fraco. Muito fraco. Se der certo, será pelo acaso. Nem sempre os vencedores fazem bons trabalhos.
Sobre o jogo: quem esteve atento, viu que só Bruno Rodrigues criou algo ofensivamente. O Joinville dependia única e exclusivamente dele. Na defesa, desempenho desastroso. Tomar quatro gols de quem havia marcado apenas 12 é vergonhoso.
Claro que a expulsão de Eliomar pesou, mas em Sorocaba o JEC perdeu jogando mal; antes disso, o Joinville foi atropelado em Juiz de Fora; escapou diante do Volta Redonda; jogou muito mal contra o Mogi (apesar de ser prejudicado); perdeu para o Macaé; escapou contra o Tombense. Ou seja, há muito tempo a equipe vai mal. Tem lapsos de qualidade, mas a maior parte do tempo não convenceu.
Continua depois da publicidade
Por isso, chegou a hora de parar de tapar o sol com a peneira. Não são as críticas, reportagens que mostram os problemas do clube, embates no conselho deliberativo (necessários, para trocar ideias) falta de união, enfim, nada disso faz diferença no campo. Isso é bobagem de quem quer se iludir.
O que pesa nas quatro linhas é qualidade técnica dos jogadores, trabalho da comissão técnica, planejamento da diretoria, estudo do gerente de futebol, estrutura do clube. A soma destes fatores dá credibilidade. E a credibilidade faz o apoio vir de todos os cantos.
Que as lições fiquem aí para não serem esquecidas. Mesmo que o time consiga o milagre do acesso neste ano.
Continua depois da publicidade