A artista plástica catarinense Eli Heil morreu na tarde deste domingo, às 14 horas, no hospital SOS Cárdio. Aos 88 anos, ela estava internada desde 29 de agosto e não sobreviveu a duas paradas cardíacas. O velório será realizado na igreja do bairro Santo Antonio de Lisboa, em Florianópolis, a partir das 20h30. O enterro deve ser realizado na tarde desta segunda-feira, no cemitério localizado junto à igreja.
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Relembre a exposição do Masc que celebrou os 85 anos de Eli Heil
Nascida em Palhoça, Eli Heil é reconhecida como uma das principais artistas plásticas do Brasil. Sua produção artística teve início em 1962 e foi marcada pela variedade de materiais e métodos utilizados. Autodidata, tem obras em pintura, escultura e cerâmica.
A primeira exposição individual aconteceu no ano seguinte, em 1963, em Florianópolis, e chamou atenção do crítico e historiador da arte João Evangelista de Andrade Filho. Ele publicou um ensaio sobre a obra da artista e a expôs em Brasília. Ainda nos anos 1960, Eli Heil começou a desenvolver objetos tridimensionais utilizando materiais como cerâmica, cimento, madeira, argamassa e plásticos derretidos.
Ainda em 1966, sua obra foi exposta Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Dois anos depois, passa a expor em países europeus. Participou da 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, em 1978, e da seção de Arte Incomum da 16ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1981. A artista cria, em 1987, O Mundo Ovo de Eli Heil, em Florianópolis, onde monta seu ateliê e um espaço para exibição permanente de sua produção. Em 1994, é inaugurado oficialmente a Fundação O Mundo Ovo de Eli Heil.
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Em 2014, uma exposição no Masc celebrou os 85 anos da artista. Foi a maior retrospectiva pictórica da carreira de Eli Heil, com exposição de 180 obras, muitas delas inéditas para o público, como três painéis de grandes dimensões — dois de 22 metros e um de 32m de comprimento produzidos entre 2003 em 2008 e que estavam ainda enrolados em seu ateliê.
A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) se manifestou nas redes sociais sobre a morte de Eli Heil:
A Fundação Catarinense de Cultura e a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte expressam profundo pesar pelo falecimento da artista plástica Eli Heil, aos 88 anos, ocorrido na tarde deste domingo (10), em Florianópolis. Pintora, desenhista, escultura e ceramista, Eli edificou um legado sem precedentes na história das artes visuais brasileiras, projetando Santa Catarina para além das suas divisas e fronteiras.
Autodidata, como sempre costumava se apresentar, Eli nasceu no município de Palhoça em 1929. Na juventude, formou-se professora de educação física e, a partir da década de 1960, protagonizou o despertar da sua condição de artista. Em suas próprias palavras “a arte é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”. Sua forma de criar alcançava uma dimensão que tornava difícil a tarefa de classificá-la. Quando convidada para expor na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, realizou um trabalho de tamanha comoção que foi registrado no catálogo oficial como “arte incomum”.
Às margens da SC-401, em Florianópolis, mais precisamente na freguesia de Santo Antônio de Lisboa, onde viveu até o fim dos seus dias, Eli edificou o seu mundo particular: O Museu O Mundo Ovo de Eli Heil, que reúne o seu acervo fantástico de mais de 3 mil obras
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Por ocasião dos seus 85 anos, em 2014, O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) abriu seu espaço para receber aquela que foi a última das 14 exposições individuais que Eli realizou na instituição. Na ocasião, a retrospectiva repassou a produção de mais de cinco décadas da artista. A relação entre o Masc e Eli Heil pode ser definida como daquelas amizades que superam o tempo e pautam uma existência. A instituição foi a casa de Eli, o museu onde ela mais expôs sendo, consequentemente, a artista com mais individuais realizadas no espaço.
Era a década de 1960, quando o então Museu de Arte Moderna de Florianópolis (MAMF), embrião do que viria a ser o MASC , dava seus primeiros passos e lá estava Eli expondo seus trabalhos sob a curadoria de Ylmar Corrêa Neto e Adriano Pauli. O MASC, que em 2018 celebrará seus 70 anos de criação, pode ser considerado também um dos tantos “filhos de luz” que a arte de Eli legou ao mundo. “A obra de Eli é carregada de singularidade. E vai muito além de contextos simbólicos. Ela traduz a singular personagem que Eli representa. Em especial, a sua forte espiritualidade”, disse a diretora de Difusão Artística da FCC, Mary Garcia.
Ao tomar conhecimento do falecimento de Eli Heil, o artista plástico, jornalista, crítico e editor Bené Fonteles manifestou a sua admiração e pesar: “E de uma pureza original. Os céus estão em festa assim devia estar sua terra em gratidão.”
Neste momento de dor e saudades, a Fundação Catarinense de Cultura e a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte expressam a sua solidariedade aos amigos e familiares da artista, especialmente seus filhos, netos e bisnetos. E se junta a toda classe artística para manifestar um profundo sentimento de gratidão por tudo o que fez e representou para as artes visuais catarinense e nacional. E mais ainda, por tingir de um colorido visceral o universo que a cercou e provando que um mundo, seja novo, seja ovo e libertário é possível.
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Viva Eli Heil!