A partir deste segunda-feira, 6,3 mil funcionários filiados ao Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Sinsej) vão participar do processo de escolha do novo presidente da entidade. A votação ocorre até terça noite, e a apuração deve se estender até o início da madrugada de quarta-feira.

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Em debate realizado no jornal “A Notícia” na semana passada, os candidatos Ulrich Beathalter e Rita de Cássia discutiram suas propostas e responderam a questões da reportagem e feitas por eles sobre o que cada um espera conquistar para os 12 mil funcionários públicos do município.

Confira na íntegra como foi o debate.

Confira como foi o encontro:

A Notícia – O senhor está há três anos no mandato. Antes disso, já havia tentado ser presidente. Depois deste período, por que o senhor precisa de mais três anos no comando do sindicato?

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Ulrich Beathalter – Antes da nossa gestão, o sindicato ficou 12 anos na mão de um grupo que tinha uma relação próxima com os prefeitos da época. Houve uma perda muito grande nesse período que não é possível recuperar em apenas três anos. Precisamos recuperar essas questões e as perdas salariais. Desde que entramos, não houve mais perda salarial, mas pelo volume histórico acumulado, precisamos de mais um tempo para recuperar isso. Por isso, precisamos de pelo menos mais um mandato para conseguir organizar a situação e reverter esse quadro a nosso favor.

AN – E com relação à senhora, o que não foi feito nesses três anos que a instigou a sair candidata? O que foi esquecido?

Rita de Cássia – Antes de tudo, como servidora pública, acredito que o sindicato não pode ter vínculos partidários. Isso foi um dos motivos que fizeram com que eu entrasse na disputa. Das conquistas, era necessário fazer um laudo ambiental, tanto na saúde quanto em outras áreas, em cima da insalubridade e da periculosidade. Se tivéssemos um laudo criminal, poderíamos ir para cima do poder público e cobrar soluções. É por situações como esta que quero ser presidente do Sinsej.

AN – Nas propostas, os dois candidatos têm-se colocado de forma oposta sobre duas questões. Um quer manter o apoio à CUT e outro quer se desfiliar: um quer manter os escritórios em Itapoá e Garuva e outro quer tirar. Por que apoiar e por que não? Por que acabar com os escritórios e por qual motivo não acabar?

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Rita – Acredito que o dinheiro investido na CUT não retorna em benefícios para os servidores. Não recordo de nenhum benefício que foi trazido com esse apoio. Da mesma forma, eu não sei qual benefício que tráz para nós a adesão de servidores de Itapoá e Garuva. Se nós somos o maior sindicato do Estado, temos quase 12 mil servidores, e já é difícil concentrar os esforços em atender todas as reivindicações dos servidores de Joinville, qual o motivo de trazer funcionários de mais duas cidades para cá? Se eleita, nós poderíamos dar todo o suporte para eles estruturarem o sindicato deles. Nós temos que ser um sindicato de uma única cidade.

Ulrich – Afirmar que a CUT não traz benefício para o servidor é mostrar um desconhecimento que chega a ser risível. A CUT é responsável pela maioria das conquistas que obtivemos. As lutas, as greves organizadas pelos sindicatos cutistas que trouxeram, nos últimos anos, mudanças na previdência sindical, no cumprimento da jornada de oito horas ao trabalhador. As informações mostradas pela outra chapa são inverídicas, gastamos cerca de R$ 7 mil com a mensalidade da CUT, muito mais que se pagava em ajuda de custo a ex-diretores. Garuva e Itapoá nos trazem mais de 400 filiados. A receita que vem de lá é mais do que o suficiente para manter os escritórios e a funcionária que se revezam entre as cidades.

AN – A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) sempre serviu como termômetro para o reajuste salarial. Mas, ao mesmo tempo em que há um percentual que pode crescer os gastos com salários, também asfixia a mobilidade financeira da Prefeitura. Qual forma o servidor pode contribuir com a administração, tendo em vista que ele tem o direito ao reajuste, mas acaba comprometendo a capacidade de investimento da administração?

Ulrich – Mesmo esticando os gastos com salários até 51%, significa que a Prefeitura ainda tem outra metade do orçamento que o governo comprometeu. Se ela não está disponível, é porque a administração os comprometeu. O servidor faz a sua parte. A Prefeitura não visa ao lucro. Nossa reivindicação em nenhum momento coloca o governo em risco. Há quatro anos, a situação era muito pior.

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Rita – Com o nível dos gastos de agora, está adequado. Há muitos comissionados que não foram nomeados ainda. Os cargos deveriam ser dados para os servidores de carreira. Se esses comissionados forem empregados, os gastos com salários irão aumentar. E nós ficamos com a culpa. Acredito que quando nomear todos que faltam, daí sim dará um baque nas finanças, mas até lá estamos num índice coerente.

AN – Durante a campanha, o prefeito Udo Döhler falou muito sobre meritocracia. Vocês concordam com isso e como entendem esse modelo que o prefeito quer implantar?

Rita – Ele vem com uma gestão de serviço privado, e serviço público não é privado. Ele terá que aprender a lidar com os servidores. Não dá para sair implantando coisas assim. Para fazer qualquer medida, ele precisará alterar todo o estatuto, aprovar novo regimento via assembleia. É algo muito complicado de se fazer.

Ulrich – De antemão, aviso que temos uma preocupação enorme. Não queremos mudança na forma como entendemos o plano de carreira. Qualquer outra forma que busque avaliar de maneira superficial a produção ou desempenho do servidor é danosa.

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