O sol nem tinha nascido quando Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, e o namorado da ativista foram acordados. A batida na porta do apartamento, localizado na Rua General Câmara, no Centro Histórico da Capital, veio das mãos do delegado Arthur Teixeira Raldi, titular da Delegacia de Capturas. Em posse do mandado de prisão expedido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, ele anunciou a detenção da jovem na manhã deste sábado.
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– Ela se mostrou surpresa, mas não resistiu – disse Raldi.
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A equipe que efetuou a prisão era formada por seis policiais – três deles do Rio de Janeiro. Os cariocas chegaram na noite de sexta-feira a Porto Alegre após a Polícia Civil do Rio entrar em contato com o chefe do órgão no Rio Grande do Sul, Guilherme Wondracek. Ao delegado, foi informada a investigação sobre grupos responsáveis por depredações em protestos, e, também, o pedido de apoio na prisão temporária de Elisa. Pouco depois das 17h deste sábado, Sininho embarcou em voo da empresa Avianca rumo ao Rio de Janeiro.
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– A polícia carioca não sabia onde ela se encontrava. Fizemos algumas diligências para levantar endereços. Um deles foi a casa dos pais dela, e outro o apartamento do namorado – explica Raldi.
Os policiais deixaram a sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) às 5h30min desta manhã. Enquanto uma equipe se dirigiu à residência dos pais de Sininho, no bairro Passo D’Areia, outra foi ao apartamento do namorado da ativista – onde a jovem foi encontrada. Após a prisão, o local foi revistado pelos policiais, mas nada foi recolhido.
De acordo com o diretor do Deic, Eduardo de Oliveira Cesar, Sininho aguardou o embarque no aeroporto Salgado Filho em uma sala restrita. Segundo a Polícia Civil carioca, ela teria papel de liderança entre ativistas que participavam de manifestações violentas.
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Outros 18 ativistas suspeitos de participação em atos violentos praticados durante manifestações também foram detidos neste sábado. Segundo o chefe da Polícia Civil carioca, Fernando Veloso, eles planejavam ataques no Rio de Janeiro para este final de semana. Com os detidos, foram apreendidos materiais que, conforme a polícia, poderiam ser usados como bombas e explosivos, além de máscaras de gás, panfletos e garrafas com gasolina.

Material foi apreendido pela polícia na casa de ativistas
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia / Estadão Conteúdo
A operação cumpriu 26 mandados de prisão temporária, e nove ativistas são considerados foragidos. Os detidos foram enquadrados por formação de quadrilha armada e ficarão presos preventivamente por cinco dias. Organizações não governamentais e de direitos humanos criticaram as prisões, as quais consideraram abusivas, e questionaram a realização da operação um dia antes da final da Copa.
Zero Hora entrou em contato com a mãe de Elisa, a psicóloga e professora Rosoleta Moreira Pinto Stadlander, que mora em Macaé (RJ). Ela não quis falar sobre o assunto. A reportagem também tentou falar com o advogado de Sininho, mas não conseguiu localiza-lo.
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