Mais dois líderes da Irmandade Muçulmana no Egito, principal movimento que apoia o presidente deposto Mohamed Mursi, foram presos hoje (21) por forças de segurança. Desde a destituição de Mursi, em 3 de julho, ele e os integrantes da Irmandade Muçulmana são alvos de mandados de prisão pelas Forças Armadas. Mursi está detido em local não revelado no país. As detenções ocorreram um dia depois de ser capturado o líder máximo do movimento, Mohamed Badie, que teve imagens exibidas em emissoras de rede de televisão sob poder das Forças Armadas.

Continua depois da publicidade

Foram detidos na madrugada de hoje (21) Murad Ali, porta-voz da entidade, no aeroporto do Cairo, quando se preparava para viajar para a Itália, e Safwat Hegazy, um religioso, capturado perto da fronteira com a Líbia, no Oeste do Egito. Ambos foram presos um dia depois da detenção do guia supremo.

>>> Novo governo golpeia a Irmandade Muçulmana

Continua depois da publicidade

No mês passado, a Justiça egípcia emitiu cerca de 300 mandados de detenção e proibições de viajar, sobretudo para integrantes da Irmandade Muçulmana. Vários integrantes da entidade foram detidos e simpatizantes identificados, após a sequência de manifestações e confrontos que causaram aproximadamente 750 mortos, em três dias.

As Forças Armadas destituíram Mursi do poder e instauraram um governo provisório sob o comando do presidente interino Adly Mansour. Porém, os protestos se tornaram diários no Egito, reunindo simpatizantes e críticos de Mursi. Os confrontos entre manifestantes e forças policiais se agravaram, acentuando a onda de violência no país.

Egito apela para que EUA evitem suspensão de repasses financeiros

O primeiro-ministro interino do Egito, Hazem Beblawi, disse que o governo dos Estados Unidos cometerá um erro se suspender a ajuda financeira anual, no valor de US$ 1,3 bilhão, destinada à área militar. Além do apoio para o setor militar, os Estados Unidos repassam US$ 250 milhões.

A possibilidade de suspensão dos repasses é avaliada pelas autoridades norte-americanas desde o agravamento da crise no Egito, com a morte de 750 pessoas em três dias de confrontos entre manifestantes e policiais.

Continua depois da publicidade

‘[A suspensão do repasse] seria um mau sinal e afetaria o Exército durante um determinado tempo”, ressaltou Hazem Beblawi. ‘Não vamos esquecer que o Egito viveu [apenas] com o apoio militar da Rússia e sobreviveu. Não é o fim do mundo e podemos viver em circunstâncias diferentes”, disse.

O Egito é um dos principais aliados dos Estados Unidos entre os países muçulmanos. Por enquanto, o governo norte-americano mantém o suporte financeiro ao Egito. Mas, ontem (20), o presidente norte-americano, Barack Obama, reuniu-se com assessores para analisar especificamente a situação do Egito.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que Obama fará nova reunião com o Conselho de Segurança Nacional para avaliar o agravamento da situação no Egito.