Com o líder supremo e centenas de membros presos, a cúpula da Irmandade Muçulmana foi desestruturada pelo governo egípcio.
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Ontem, a organização fundada em 1928, que abandonou o passado de uso da violência contra a perseguição política, anunciou que não irá pegar novamente em armas para responder à captura de Mohamed Badie, realizada na segunda-feira.
A polícia prendeu Badie na madrugada de terça-feira na periferia do Cairo. Ele e dois de seus subalternos foram acusados pela Justiça de “incitação à morte” por estimular a violência contra manifestantes anti-Mursi em junho.
A Procuradoria-Geral também pediu a prisão preventiva de outros 360 membros. Nos últimos dois dias, pararam as postagens nas redes sociais desses líderes, frequentes na semana passada. Por motivos de segurança, o grupo suspendeu manifestações que haviam sido chamadas para esta semana em retaliação às mais de 900 mortes – a maioria de integrantes e simpatizantes do grupo.
O governo propôs a dissolução da organização – que, mesmo fragilizada, ainda mantém importante base social – e a acusa de envolvimento em atos terroristas, subversão e associação com o palestino Hamas e a rede Al-Qaeda. A Irmandade declarou ontem que a prisão não irá abalar sua luta: “Os golpistas pensam que a detenção de líderes e a difamação de sua imagem nos meios de comunicação levarão os egípcios a se ajoelharam e se renderem (…) Se o guia Badie desaparecer das prisões, o povo continuará sua ‘jihad’ (guerra santa) pacífica até recuperar todos seus direitos”, diz o comunicado.
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Ontem, a Irmandade nomeou o chefe adjunto da entidade, Mahmoud Ezzat, como líder religioso interino.
Também foi anunciada nova acusação contra Mohammed Mursi, que terá detenção estendida por mais 15 dias.
Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz e ex-vice-presidente que renunciou ao cargo após o massacre de 14 de agosto, será julgado por traição por ter renunciado ao posto, de acordo com a Procuradoria-Geral do Egito. ElBaradei é acusado de deixar o cargo sem consultar seus superiores, o que teria prejudicado a imagem do governo na comunidade internacional, segundo o argumento da denúncia. Com a crise política, ElBaradei viajou para a Áustria. Ele pode ser julgado à revelia a partir de 19 de setembro.