Com a possibilidade de entrar no Brasil no período da Copa do Mundo, parte dos ganeses que vieram ao Mundial não retornou à África e passou a pedir refúgio no Brasil, alegando questões como perseguições políticas, étnicas e religiosas.
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Pesquisadora chefe da organização de direitos humanos Humans Right Watch para a região da África Ocidental, Corinne Dufka manifestou surpresa ao saber que mais de mil ganeses migraram para o Brasil no período da Copa do Mundo – e não retornaram.
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– Gana não tem guerra. É um dos países mais estáveis da África. É preciso uma investigação – sugere a americana Corinne, que por 16 anos viveu em países com guerras crônicas, como Libéria e Serra Leoa. Veja os principais trechos de entrevista concedida na quarta-feira a Zero Hora, desde Washington, nos Estados Unidos.
Como a senhora vê essa migração de ganeses para o Brasil? Alguns alegam perseguição religiosa, outros dizem que vieram para a Copa do Mundo e pretendem ficar em território brasileiro, em busca de emprego.
Com total surpresa. Gana tem governo eleito, um sistema judicial que funciona, não tem histórico de guerras e nem de grave violência étnica ou entre muçulmanos e cristãos. Há muitos anos não tem golpe de Estado. É um país que está em situação estável.
A senhora considera que chegou a hora do Brasil como terra procurada pelos migrantes africanos?
É algo que me surpreende. Normalmente, africanos que enfrentam problemas graves migram para a Europa ou para outros países africanos bem-sucedidos economicamente, como a África do Sul. Ainda mais se saem de Gana, país com economia em crescimento, dos melhores da África. Se fossem do Senegal, Serra Leoa ou Quênia, entenderia. Mas é uma tendência que, após grandes eventos esportivos como Olimpíada e Copa do Mundo, alguns grupos decidam ficar no país-sede do evento. É uma oportunidade política ou econômica.
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A lei brasileira prevê que o pedido de refúgio pode ser feito por violação de direitos humanos. A senhora entende que a situação de Gana indica a necessidade de refúgio no Brasil?
Vai depender das políticas do Brasil, das regras do país. É preciso uma investigação dos governos brasileiro e ganês. Se tiverem um acordo que permita emprego aos imigrantes, muito bem. Se não, é preciso ver que tipo de perseguição alegam. Talvez sejam apenas casos individuais.