Sob o argumento de vir ao Brasil para assistir aos jogos da Copa, centenas de ganeses chegaram ao país; nas últimas semanas. Só em Criciúma, em Santa Catarina, mais de 300 habitantes de Gana desembarcaram no último mês.

Continua depois da publicidade

Leia todas as últimas notícias de Zero Hora

O fluxo diário de dezenas de ganeses a Criciúma em busca de abrigo, trabalho e perspectivas de vida está levando integrantes da prefeitura local ao desespero.

LEIA MAIS

Intermediários cobram até R$ 9 mil de ganeses por “ajuda” na viagem

Continua depois da publicidade

Cerca de 300 ganeses já chegaram a Caxias do Sul

– Nós perdemos o controle. O Itamaraty e o governo federal precisam tomar providências – desabafa a secretária de Ação Social de Criciúma, Solange Barp.

O prefeito de Criciúma, Márcio Búrigo (PP), vai além. Afirma estar sensibilizado com a situação dos ganeses, mas não esconde a preocupação:

– Creio que muitos são vítimas do tráfico internacional de seres humanos. A polícia precisa investigar.

Búrigo se refere ao fato de que alguns ganeses estão cobrando dos compatriotas para facilitar a vinda e a permanência no Brasil; – fato denunciado por ZH na edição de quarta-feira. Solange admite que os ganeses não têm criado problemas e que pedem trabalho, falando em trazer, no futuro, as famílias.

Continua depois da publicidade

O problema, diz Solange, é que a chegada em grandes grupos gera um problema de assistência social e demanda por tratamento de saúde. A secretária ressalta que a maior pensão a abrigar ganeses em Criciúma, a Casa Azul, tinha 65 em um quarto e sala, semanas atrás. Os africanos foram distribuídos em casas de passagem (albergues do município), em grupos menores, para receberem cuidados. Dois dias atrás, Solange retornou à Casa Azul e já havia 52 ganeses, amontoados, de novo.

A estimativa é de que chegaram na região de Criciúma, nos últimos meses, mais de 1,4 mil estrangeiros, entre ganeses, senegaleses e haitianos. Só de ganeses são mais de 300, todos dizendo que vieram para a Copa, mas nenhum deles com ingressos.

– Não temos respaldo, nem do Estado, nem do governo federal. Estamos muito preocupados – afirma a secretária, que ontem expôs o drama dos ganeses ao promotor Cleber Lodetti de Oliveira, da 9ª Promotoria de Justiça de Criciúma.