É com decepção que a depiladora Kelly Goedert, de 36 anos, olha para o prédio branco, na Rua João de Barro, no Jardim Zanelatto, em São José. Com a pequena Rafaela no colo, de 2 anos, a mãe quer um motivo que explique porque o edifício com mais de mil m² de área, que deveria ser creche há mais de dois anos, está fechado para as crianças da localidade.
Continua depois da publicidade
::: Creche de São José tem aulas suspensas após surto de virose
::: Leia mais notícias da Grande Florianópolis
::: Confira vagas de emprego na região
Continua depois da publicidade
::: Fique ligado no Facebook da Hora de Santa Catarina
Para as crianças, porque ao cair da noite é comum ter luzes acesas, toalhas estendidas nas janelas e movimentação no interior da construção, aparentemente pronta.
– Não é só a minha filha que precisa, são várias crianças do bairro que estão sem vaga e as mães têm que deixar o trabalho para ficar em casa – afirma ela, que trabalha meio período e conta com ajuda da sogra para acompanhar a pequena no período da tarde.
O contrato entre a prefeitura e a Endeal Engenharia e Construções LTDA, empresa de Curitiba, foi firmado na gestão do ex-prefeito Djalma Berger. Além da unidade do Jardim Zanelato, outras quatro creches estavam incluídas no pacote, no valor de R$ 8.875.926,16.
Continua depois da publicidade
As obras começaram em 31 de outubro de 2011 e foram interrompidas após a derrota do então candidato à reeleição. Segundo o diretor técnico da construtora, Nalmir Feder, a atual prefeita Adeliana Dal Ponte, ao assumir, comprometeu-se a pagar a dívida de R$ 1,8 milhão, desde que fossem concluídas três das cinco unidades.
– Entregamos três, no Kobrasol, Lisboa e Nossa Senhora do Rosário. Depois de seis meses sem nos pagar, mudou o papo. A do Jardim Zanelatto e do Cristo Rei, que estavam 98 % concluídas, não receberam os aditivos prometidos e aprovados pelo departamento de engenharia da prefeitura e aí acionamos a justiça – conta o diretor.
De acordo com Feder, dez funcionários da empresa estão dormindo no prédio para impedir invasões como as ocorridas na obra do Cristo Rei.
Continua depois da publicidade
Conclusão depende da prefeitura, segundo empresa
Para terminar as duas unidades ainda pendentes do contrato, a Endeal pede à prefeitura R$ 3 milhões, entre reajustes no valor do contrato previstos em lei e serviços não previstos no projeto, como muros, rampas e outras adaptações. Nalmir aceita receber R$ 1,1 milhão para entregar as creches, como foi oferecido pela prefeitura há três meses atrás, mas vai cobrar na justiça o restante.
Por meio da secretária de Educação, Méri Hang, a prefeitura confirmou que deve à empresa, mas que aguarda a conclusão do serviço para efetuar o pagamento restante.
– Resta 6% do valor total da obra. Nós como gestor público temos responsabilidade. Não podemos receber uma obra que não tem plenas condições de uso, pois nós que vamos responder no futuro. Se uma janela não fecha, o banheiro não tem descarga, não podemos assumir, seria irresponsável – disse a secretária.
Continua depois da publicidade
O processo do caso se encontra suspenso atualmente, por iniciativa da empresa. Segundo Nalmir, se não houver uma definição nas próximas semanas, a empresa tem intenção de retomar o caso. Se tivesse funcionando, seriam 160 crianças atendidas somente no Jardim Zanelatto.
Creches em São José
São 30 unidades ligadas à Secretaria Municipal de Educação, além de 20 conveniadas com a prefeitura. Em 2014, foram atendidas 3.763 crianças. A prefeitura informa que a solicitação para matrículas 2015 estão abertas até 29 de outubro. O prazo para matrícula será aberto em 10 de novembro, a partir de aprovação dos cadastros. Os editais estão disponíveis no site da Prefeitura de São José, no www.pmsj.sc.gov.br.