O ultraleve que caiu em Porto Belo pertencia ao empresário Flavius Neves, sócio do condomínio aeronáutico Costa Esmeralda. Ele instaurou uma investigação para saber o que houve e tentar prevenir novos acidentes.

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Na tarde desta quinta-feira, o empresário compareceu ao enterro de André Vieira da Rosa, que trabalhava como instrutor no aeródromo há três meses. Depois, foi ao hospital Governador Celso Ramos, em São José, para visitar Daniel Malinoski, seu amigo pessoal.

Piloto experiente, com mais de 5 mil horas de voo, Flavius Neves falou sobre como ficou sabendo do acidente.

Como você ficou sabendo do acidente?

Eles decolaram por volta das 17h20 e cerca de cinco a 10 minutos depois houve a queda. Umas 18h10, uma pessoa que viu foi avisar. Imediatamente acionamos o pessoal que estava ali, bombeiros, resgate da Anac e fomos para o local. Até achar levou cerca de uns 40 minutos. Um rapaz que estava conosco que achou pelo sussurro aí virou a lanterna. Nisso já mandei um para a estrada para dar as coordenadas pros bombeiros.

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A aeronave que caiu era sua, ela estava em condições de voo?

Isso mesmo. Era um Mistral prefixo EUMLG, de fabricação francesa, mas montado em Fortaleza, que comporta até 250 quilos. A aeronave estava toda revisada. No dia 7 de julho foi feito o seguro dela e no fim de julho foi feito o Riam (Relatório de Inspeção Anual de Manutenção).

O André estava trabalhando no momento do acidente?

Não. O Daniel como é meu amigo tem acesso ao condomínio e a todas as aeronaves. Ele convidou o André para fazer um voo de recreio, e o André prontamente aceitou.

Tanto André quanto o Daniel são pilotos. Qual o nível de experiência de cada um?

Sim o André era um piloto bem experiente, para ser instrutor é preciso ter mais de 200 horas de voo. O Daniel é piloto de helicóptero e instrutor de voo de helicóptero, tem mais de mil horas de voo.

O Daniel é tão experiente que quando eu vou para o Santos Dumont (RJ), que tem muito tráfego, eu levo ele comigo porque confio muito nele.

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É possível saber quem estava pilotando no momento do acidente?

Nessas aeronaves o comando é duplo. Você pode pilotar tanto de um lado quanto do outro, então não dá para saber. Caso o Daniel se lembre do que aconteceu ele poderá dizer. Mas os dois eram muito experientes.

Normalmente, esses acidentes ocorrem por falha humana?

Em 70% dos casos sim.

Você instaurou algum procedimento paralelo ao da polícia?

A gente instaura uma investigação porque é interesse nosso saber a causa para prevenir outros acidentes. Não é para apontar culpado e sim para saber se foi uma falha estrutural, humane, etc. Nosso perito está acompanhando a perícia do IGP porque ele tem conhecimento técnico.

É mais comum aeronaves pequenas, como os ultraleves, caírem?

É mais comum, mas não é comum ter morte. Tenho mais de 5 mil horas de voo, caí 27 vezes e não me machuquei em nenhuma. A culpa sempre foi minha. É até vergonhoso dizer, mas em umas cinco dessas vezes fiquei sem combustível, porque não olhei direito. Mas isso também acontecia porque não tínhamos mecânicos bons. A manutenção era mal feita, usávamos mecânicos de jet ski. Hoje já temos bons mecânicos tanto que faz mais de oito anos que eu não caio.