Um levantamento da Pluri Consultoria, relativo ao ano de 2013, apontou que a Chapecoense é o segundo clube com melhor saúde financeira do país, atrás apenas do Atlético-PR. O Diário Catarinense entrevistou o diretor financeiro do clube no período 2014/2014 e atual diretor administrativo, Décio Burtet, para entender como um clube que estava quase falido há dez anos se transformou num dos clubes de melhor gestão do país.
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::: Clubes catarinenses são exemplo de gestão e se destacam em pesquisa financeira
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Ele explicou que o segredo está em definir um orçamento, não gastar mais do que está previsto e obedecer a um planejamento.
O resultado é que o time vem antecipando valores de férias e décimo terceiro e até guardou R$ 1 milhão de patrocínios para 2015. Além disso ainda não fechou o valor da cota de televisão para o Campeonato Brasileiro, ao contrário de outros clubes, que optaram por receber o valor antecipado.
Com isso jogadores que aturaram em grandes clubes no país estão optando por jogar na Chapecoense, pela fama do clube de ser bom pagador.
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Confira a entrevista que o diretor da Chapecoense concedeu por telefone ao DC.
DC – Como vocês atingiram essa saúde financeira?
Décio Burtet – A gente tem um orçamento dentro do clube. Fazemos um orçamento das receitas e planejamos as despesas. A gente pega e divide por categorias: salários dos jogadores, funcionários, viagens e hospedagens, por exemplo. Trabalhamos em cima do orçamento mês a mês. Fazemos um controle de fluxo de caixa e um controle de custo para nunca ultrapassar o valor que temos de receita.
DC – Isso quer dizer que o futebol, por exemplo, tem R$ 1,5 milhão por mês para gastar em salários?
Burtet – Eles têm um orçamento anual. Podem gastar R$ 1,2 milhão no início e, depois, R$ 1,8 milhão. Se o orçamento for de R$ 10 milhões no ano, não pode, ultrapassar isso. Assim é com as despesas do refeitório, das categorias de base, tudo.
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DC – No ano passado teve a rescisão de contrato do técnico Gilmar Dal Pozzo, depois do Jorginho, isso não compromete o planejamento?
Burtet – Isso tem que ser previsto pelo departamento de futebol. Tem que ficar dentro do que eles têm disponível. Pode ser que o dinheiro da rescisão poderia ter sido utilizado para contratar mais um ou dois jogadores.
DC – Também há algumas receitas, como a de sócios, que oscila, como vocês trabalham com isso?
Burtet – Oscila uns 20%, no máximo 30% num mês. E a gente trabalha numa margem mais conservadora. Para 2015 há uma previsão de receita de R$ 40 milhões, mas nós orçamos R$ 35 milhões. O que vier a mais é um bônus.
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DC – No entanto em 2013 teve que ser feita uma ação para pagar a premiação pelo acesso à Série A?
Burtet – Em 2013 nós não imaginávamos que iríamos subir para a Série A. Aí gastamos mais do que planejamos em premiação.
DC – Quando do orçamento da Chapecoense é com o salário dos jogadores e comissão técnica?
Burtet – Entre 50 a 70% é com salários.
DC – Quanto o clube tem de dívidas?
Burtet – Temos em torno de R$ 700 mil, que são dívidas tributárias antigas, de FGTS e INSS. Isso dá um total de R$ 13 mil por mês. Mas está tudo parcelado e em dia. Não temos nada atrasado. Está tudo em dia.
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DC – Mas, em patrimônio, a Chapecoense ainda está entre os piores.
Burtet – É que o estádio é do município. Mas investimos R$ 2 milhões no Centro de Treinamento.
DC – O clube também não tem jogadores, fora os da base?
Burtet – Só a base. Vendemos o Fabiano em 2014 por R$ 900 mil. E ainda temos 30% do passe do Grolli.
DC – O que a Chapecoense fez de diferente em relação aos outros clubes, entre eles os catarinenses?
Burtet – Penso que nós começamos antes a gerir o clube como uma empresa.
DC – Qual é a projeção para o próximo relatório?
Burtet – A tendência em 2014 é que nosso balanço vai ser melhor ainda. Aumentamos nossa receita, que era de R$ 13 milhões em 2013, para R$ 35 milhões no ano passado. A tendência é que, tirando o patrimônio, nos sejamos melhores nas outras avaliações.
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