Ex-atleta olímpico e diretor de esportes do Comitê Rio 2016, Agberto Guimarães está seguro de que as águas da Baía de Guanabara, lagoa Rodrigo de Freitas e praia de Copacabana, locais de competição dos Jogos, não trarão problemas para os atletas.

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Em entrevista a Zero Hora e Rádio Gaúcha, o dirigente destaca que os locais já são utilizados em competições há algum tempo e descarta qualquer possibilidade de tirar a vela do Rio de Janeiro. Confira os principais trechos da conversa:

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A despoluição das águas dos locais de competição não é de responsabilidade do Comitê 2016, mas até que ponto preocupa a possibilidade de que a poluição da água prejudique a competição e até a saúde dos atletas?

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Com relação à vela, já realizamos um evento de sucesso no ano passado. Não tivemos nenhum problema. Nossa maior preocupação no ano passado era com a quantidade de lixo flutuante. A gente conseguiu, com a ajuda do governo do Estado, limpar, tirar esses detritos que ficavam flutuando. E a gente realizou uma competição muito bem organizada. A outra parte, da possibilidade de afetar a saúde dos atletas, é cuidar para os atletas competirem em um ambiente saudável. Não oferecer uma condição no Maracanãzinho para o vôlei diferente da que vou oferecer para a vela, para o remo, canoagem, maratona aquática. O campo de jogo tem de estar nas mesmas condições. Nós monitoramos os testes que são realizados pelos órgãos competentes para ver se a água tem qualidade, está adequada. Temos acompanhado isso. A gente conta com a parceria que temos com os governos. Eles têm reagido de forma muito positiva. Eles têm que responder se vão ou não despoluir. Nossa responsabilidade como Comitê Organizador é fazer com que esse ambiente seja adequado para a performance dos atletas.

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Houve alguma pressão para que a competição saísse da Baía de Guanabara?

Não. A pressão é muito mais de vocês da mídia. Nós dissemos o tempo todo que os locais de competição foram definidos na candidatura. É importante as pessoas levarem em consideração um dado: a lagoa (Rodrigo de Freitas) é usada o ano todo por pessoas que remam ali. A gente não tem notícia de ninguém que tenha contraído doença. Fizemos os Jogos Pan-Americanos ali e não tivemos nenhum problema. A Baía de Guanabara é utilizada para eventos internacionais o ano inteiro. Temos a Volvo Ocean Race, já fizemos Campeonato Mundial da classe finn, e nunca tivemos problema. Jamais tivemos qualquer intenção de tirar competições do Rio de Janeiro. Não faz nenhum sentido. Tirar uma competição de um lugar envolve toda uma logística, não é simplesmente tirar os barcos daqui e levar para lá. Nós apresentamos um projeto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) durante a candidatura que contemplava a possibilidade de fazer todas as competições no perímetro do Rio de Janeiro. Acho que vai ser a primeira vez na história dos Jogos dentro da mesma cidade. Londres fez o remo em um lugar bastante distante, vela em outra cidade. Na China a gente teve a vela em Tindao, a 2h45min de voo. Isso não vai acontecer no Rio. Vamos continuar trabalhando com os governos para oferecer segurança aos atletas, mas não mudamos nossa operação daqui.

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Você acha que se criou um alarmismo sobre essa situação?

Eu penso pelo lado do atleta. Quando você vai para uma competição importante, o adversário tenta te desestabilizar para criar um problema para você. Prefiro pensar que é por aí. Se fizer uma retrospectiva de todas as edições de Jogos Olímpicos, todas, nesta fase de preparação, tiveram problemas. Não existe nenhum Comitê Organizador que tenha navegado águas tranquilas o tempo todo. Temos de ter a tranquilidade para olhar para isso e saber que estamos nos preparando bem. Temos uma parceria muito sólida com todos os níveis de governo. Não acho que exista um complô, é normal.

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No início do ano passado, alguns dirigentes de Federações Internacionais e do COI fizeram críticas à preparação do Brasil. Como tem sido a relação com as Federações e o COI?

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Temos de levar em consideração o seguinte: todas as Federações Internacionais estão fisicamente muito longe da gente. Naturalmente, há uma pressão grande sobre a gente para ter as instalações prontas o mais breve possível. Assim você se familiariza com elas. Foi por isso que eles fizeram a pressão na gente. Vendo que aquelas instalações estavam demorando para sair do papel e do chão, porque por mais que a gente reforçasse a confiança que nós temos na entrega dessas obras, quem está do lado de fora não entende isso. O problema que a gente tinha era que, principalmente as instalações da Barra da Tijuca, eram em um terreno difícil de construir. Fazer fundação ali demora quatro, cinco vezes mais do que em qualquer outro terreno. A gente viu que, depois que a parte de fundação foi feita, a parte de cima andou muito rápido. O fato que você mencionou aconteceu em abril do ano passado, e naquela época a gente quase não conseguia identificar nada fora do chão. Tinha lá um descampado. E aquilo deixava todo mundo muito nervoso. Exatamente um ano depois, fizemos a mesma apresentação a eles, e o clima foi de alívio. A parte estrutural é moldada. Depois que a estrutura está pronta, você monta como se fosse um lego. Fica pronto muito rápido. Isso nos dá confiança de que as instalações serão entregues no prazo que a prefeitura nos forneceu.