Após três anos e quatro meses no comando da Polícia Militar (PM) de Santa Catarina, o coronel Nazareno Marcineiro anunciou nesta quinta-feira que vai deixar o cargo. No lugar dele assumirá o coronel Valdemir Cabral, atual subcomandante. Nazareno se reuniu pela manhã com o governador Raimundo Colombo, no Centro Administrativo, para comunicar a saída. Em seguida, postou uma mensagem de despedida na rede interna da PM.
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Em entrevista ao Diário Catarinense, Nazareno disse que deixa o comando para se dedicar à vida acadêmica, pois pretende concluir doutorado em Engenharia de Produção na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele irá para a reserva da PM. A passagem do comando para o coronel Cabral será no dia 5 de maio, nas festividades de aniversário dos 179 anos da PM, em Florianópolis.
Desgaste interno teria motivado saída
Nos bastidores do meio policial, a saída de Nazareno não teria apenas a motivação pessoal dele em deixar o cargo. Nos últimos meses, a saída vinha sendo cogitada em razão de um suposto desgaste de relacionamento com coronéis da corporação e com o próprio secretário da Segurança Pública, César Grubba.
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Fontes da área ouvidas pelo DC dizem que Nazareno estaria desgastado no cargo por causa do forte temperamento, por não aceitar ser discordado e por centralização nas decisões. Apesar disso, se destacou no comando melhorando, por exemplo, as partes administrativa e de gestão da PM. Ele também teria aproximado praças e oficiais.
A assessoria de comunicação do governo do Estado negou que qualquer tipo de problema interno tenha gerado a troca no comando. Cabral pretende dar continuidade à gestão, mas com mudanças no trabalho ostensivo nas ruas. Ele foi colega de Nazareno na academia em 1980 e conhece bem a atuação dele como comandante. Acompanhou Marcineiro de perto durante três anos como subcomandante da PM.
– O subcomandante é um sucessor natural e sempre deve estar preparado para assumir. Vamos continuar o trabalho que será incrementado por políticas na parte operacional como nas tropas e no trabalho ostensivo nas ruas – antecipou Cabral.
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Segundo a assessoria de comunicação do governador, a decisão de Nazareno foi recebida com tranquilidade, após mais de três anos no comando, função naturalmente desgastante. O comandante Nazareno define como doloroso o rompimento e deixa um legado de 35 anos na PM.
– Muito difícil. Cada vez que venho trabalhar coloco esta segunda pele. Tirá-la é doloroso, mas foi uma decisão racional, não sentimental, porque eu preciso – declarou Nazareno.
Nome do número 2 está aberto
As trocas nos comandos da Polícia Militar, em todas as esferas, são tratadas como naturais. No caso de Nazareno, por exemplo, ele mesmo teria comentado com amigos que dava a missão como cumprida. Ele haveria estipulado um prazo até o fim do ano para deixar a função. Além disso, teria recebido recentemente duas propostas para ocupar um cargo no Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em Brasília.
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Outra vertente existente nos bastidores é que Nazareno tinha um relação recente estremecida com o secretário de Segurança Pública, César Grubba. No entanto, a escolha do coronel Cabral para assumir o posto de comandante mostra que não foi apenas uma decisão política, já que internamente o coronel Vânio Luiz Dalmarco seria o nome preferido de Grubba para a função.
Quinta-feira à tarde, depois das mudanças confirmadas, iniciaram-se as especulações de quem assumirá o posto de subcomandante deixado por Cabral. Coronéis que atuam em Florianópolis, Joinville, Blumenau e Chapecó foram cogitados para o cargo.
Colaboraram Diogo Vargas e Ânderson Silva