Nem só de passes e gols se faz uma partida de futebol. O jogo entre Marcílio Dias e Avaí no último sábado foi marcado pela emoção que contagiou a torcida e foi fundamental para levar o Marinheiro a uma vitória histórica. Confira o relato de um marcilista que acompanhou o espetáculo:
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O Azul da confiança e o Vermelho da paixão
RICARDO LABAJOS,
Eu decidi ir. E que bom que fui. Lá fui eu de novo subir aqueles degraus que me levam ao esquenta galho. Jogo difícil, complicado, mas dá pra ganhar. Na verdade a gente sempre acha que dá. Naquelas, meio assim, sem ter certeza. E pra que ter certeza quando se trata de jogo do Marcílio? Mas a aplicação com o que o Marcílio jogava no início do jogo enchia de esperança o Gigantão. Hoje dá. Será?
Após dois gols do Avaí, uma manta de desânimo cai sobre o Gigantão. Aos gritos de silêncio, a torcida adversária definia perfeitamente a situação do Estádio e dava nome ao vazio que cada torcedor marcilista sentira naquele momento. Pênalti para o Avaí. Desço até o último degrau e encosto na grade, ficando mais próximo do bandeirinha para que ele ouça a minha opinião sobre ele e o lance que acabara de acontecer. Creio que não tenha ouvido, havia mais uns 50 fazendo a mesma coisa que eu. Ao mesmo tempo.
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– Rapaz, tenho 40 anos. As coisas aqui não eram assim. Hoje qualquer um vem aqui e faz o que quer. Não aguento mais.
Fico atento, ouvindo e concordando com o que aquele torcedor com os olhos marejados me dizia. Rodolpho defende. Marcílio fez o primeiro gol logo em seguida e a torcida começou a acreditar que o fim daquela história poderia seria diferente de outras já vistas. Pênalti para Marcílio! Fato tão raro que espero um pouco para ter certeza do que o árbitro decidira. Confirmado! Schwenck converte. Empatamos! Empatamos! Um empate com sabor de vitória. Um ótimo resultado, dadas às circunstâncias.
Mas não havia acabado. Aos 41 minutos do segundo tempo Schwenck acerta a cabeçada. Gol! Lembro algumas coisas que fiz após aquele momento. Desci novamente até a grade, a voz não saía. Olhava para todos os lados decidindo pra onde correr, onde comemorar. E vejo aquele torcedor de 40 anos que chorava como uma criança. Na verdade, naquele momento todos éramos uma. Apontei para ele e nos abraçamos. Voltei para o meu lugar e gritei olé com os outros milhares de marcilistas. Esperando o jogo acabar, é verdade, mas com o sentimento de que aquele jogo poderia durar pra sempre.
Não sei exatamente até onde vai o Marcílio no Campeonato Catarinense. Não sei se ganharemos ou perderemos os próximos jogos. Na verdade nunca temos certeza de nada e, se quer saber, pouco importa depois desta noite.
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1º de fevereiro de 2014. Quem estava lá soube. Eu decidi ir. E que bom que fui.
O Marcílio Dias venceu o Avaí por 3×2 de virada no último sábado. A vitória de virada levou os mais de 2 mil marcilistas que compareceram ao Hercílio Luz ao delírio.