O depoimento de Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que deveria acontecer na tarde desta quarta-feira, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, foi cancelado. O advogado de Baiano, Mario de Oliveira Filho, subiu ao local dos depoimentos, pouco depois das 14h30min, e minutos depois desceu ao térreo do prédio. Ele informou que, por decisão da PF, Baiano deve falar à polícia na sexta-feira, ainda sem hora marcada. Contrariado, o advogado disse que não foram informados os motivos da transferência.
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Baiano foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef, delator do suposto esquema de corrupção na Petrobras, de operar o desvio de recursos nos contratos de obras em favor do PMDB. Ele também teria recebido altas somas em dinheiro de Youssef.
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O advogado de Baiano, Mario de Oliveira Filho, nega e desafia Youssef a apresentar provas que comprovem o que ele está dizendo.
– Ele não tem contato com o PMDB. Uma coisa é conhecer um ou outro, ele deve conhecer. Agora, ter negócios, ser operador? O Youssef fala o que ele quer, mas tem de provar, até porque a lei diz que a delação (premiada) por si só não vale, tem de ter alguma comprovação – afirmou o advogado.
O defensor informou que o seu cliente conhecia Youssef, mas sem nenhuma relação de negócios.
– Ele conheceu Youssef, todo mundo conhece Youssef, quem não conhece? Mas não tem negócios, isso é diferente. Tudo tem de ser demonstrado, tudo tem de ter provas, se não fica muito fácil – disse.
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Baiano estava foragido desde a última sexta-feira e resolveu se entregar nesta terça-feira para cumprir cinco dias de prisão temporária.
O advogado reafirmou ser contra a decisão de Baiano de se entregar, alegando que ele se colocou à disposição da Polícia Federal desde o início do ano. O suposto operador tinha, inclusive, um depoimento agendado antes do decreto das prisões, para ocorrer na última terça-feira.
– Foi uma decisão personalíssima dele. Eu sou contra se entregar, porque acredito no habeas corpus. Em algum momento alguém vai perceber, não é possível. Você intima alguém por telefone, a pessoa aceita falar e depois vai presa – criticou o advogado.
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Assim como outros defensores de suspeitos de participação em crimes na Petrobras, Mario de Oliveira Filho reclamou do fato de documentos e do conteúdo das delações premiadas serem mantidos longe do conhecimento dos acusados. Ele falou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao negar acesso a esses conteúdos à defesa, descumpre uma das suas súmulas que admitiriam o acesso.