A denúncia que formalizou as acusações contra o segurança Leandro Emilio da Silva Soares, assassino confesso da universitária Mara Tayana Decker, de 19 anos, apresenta uma linha do tempo com as últimas horas da jovem na noite do crime, além de também apontar as ações supostamente cometidas pelo acusado após o assassinato.
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Apesar da convicção da promotoria sobre as circunstâncias da execução, a investigação não detalha de que maneira Leandro teria convencido Mara a entrar na casa dele.
– Existem aspectos que, infelizmente, somente ele e ela poderiam revelar – conclui o promotor Ricardo Paladino, que entregou a denúncia nesta quinta-feira na 1ª Vara Criminal de Joinville.
O promotor, no entanto, tem certeza de que Leandro e Mara não se conheciam antes do crime. A versão do acusado, que em depoimento à polícia narrou um suposto desentendimento entre eles, é afastada na denúncia.
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Com base em provas e depoimentos, o documento indica que ambos só se falaram instantes antes de embarcarem em um táxi e que não conversaram no percurso.
A DENÚNCIA
AN destacou trechos da denúncia que apontam a sequência de ações supostamente praticadas pelo acusado. Para melhor compreensão, as partes foram editadas.
– A denúncia diz que, no dia 1º de maio, Leandro trabalhou até 1 hora da madrugada como segurança em uma casa de pôquer, na Via Gastronômica. Depois, seguiu na companhia de um amigo até outro bar da mesma rua, onde estavam Mara e seus amigos.
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– Por volta das 3 horas, Leandro deixou o bar acompanhado do mesmo amigo, permanecendo em frente ao estabelecimento. Foi quando Mara também saiu do bar, sozinha, e seguiu até a frente do local com a intenção de pegar um táxi. Naquele momento, diz a denúncia, ela questionou ao amigo de Leandro: “Você sabe onde tem um táxi aqui perto?”. O amigo respondeu que havia um ponto atrás de um hotel ali perto.
– Mara, Leandro e o amigo dele seguiram ao local indicado. O amigo de Leandro tomou outro rumo, mas Mara e o acusado seguiram até o ponto de táxi. Conforme a denúncia, só naquele momento eles tiveram a primeira conversa.
– Como não havia táxi naquele ponto, Leandro propôs que eles dividissem o primeiro que encontrassem, “ocultando sua intenção hostil de levá-la até sua casa, para lá aprisioná-la, violentá-la e, por fim, assassiná-la”, narra a denúncia. Da mesma forma, aponta o documento, Leandro “persuadiu a vítima a acompanhá-lo até a sua residência, ludibriando-a quanto à necessidade de tal deslocamento”.
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– Os dois embarcaram no primeiro táxi que parou. Ele, ao lado do motorista e ela, no banco traseiro. No caminho, não houve conversa. Mara permaneceu com a cabeça encostada na janela do veículo, aparentando estar com sono. Chegando ao local indicado por Leandro, ele e Mara desceram e caminharam até a casa dele. Leandro, segundo a denúncia, dizia que precisaria passar rapidamente no imóvel.
– Ao entrarem no imóvel, Leandro desferiu uma “gravata” na vítima, envolvendo seu braço e apertando o pescoço dela, até que desmaiasse. Depois, narra a denúncia, Leandro a despiu e amarrou seus tornozelos e mãos, enquanto Mara estava inconsciente. Na sequência, constrangeu a vítima a manter relações sexuais, provocando lesões registradas em fotografias.
– Leandro manteve a vítima amarrada, sob cárcere privado, por várias horas, repetindo os atos de violência sexual. Ainda naquela noite, diz a denúncia, Leandro envolveu uma corda ou similar no pescoço da vítima e passou a apertá-lo, sufocando e produzindo as lesões confirmadas no laudo cadavérico, que determinaram a morte.
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– Buscando se desfazer do cadáver e eliminar os vestígios, diz a denúncia, Leandro usou uma faca de serra e desmembrou o corpo da vítima, arrancando os braços e os colocando numa sacola. Ainda tentou arrancar as pernas, mas sem sucesso. Entre 23 e 24 horas do mesmo dia, enquanto operava o esquartejamento, inclusive já tendo separado uma mala para transportar o corpo, Leandro recebeu ligações telefônicas da mãe da vítima e de um conhecido.
– Diante das suspeitas e percebendo que não conseguiria ocultar o cadáver, temendo que pudesse ser preso em flagrante, Leandro abandonou o corpo de Mara, diz a denúncia.