Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal divulgou novos vídeos sobre o que aconteceu na última terça-feira, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A apresentação foi feita pelo delegado regional de Santa Catarina Luiz Carlos Korff Rosa Filho que deu ênfase na postura do policiais durante a ação. Segundo o delegado, com base nas imagens apresentadas, a conduta não foi truculenta.

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– Eles tentaram a negociação pacífica e com educação durante quase três horas antes que houvesse a ação do Bope – avalia Korff.

Segundo Korff, o princípio da confusão se deu quando a professora sentou sobre a viatura no sentido de impedir a saída do veículo. Sempre com base nas imagens apresentadas, o argumento seguiu que os policias tiveram uma ação de diálogo. Outro vídeo também mostra imagens gravadas de dentro da viatura da ronda tática da UFSC, quando o estudante detido e dois policias se encontrariam cercados. Na sequência, ocorre a ação do Bope para dispersar todos.

Os vídeos foram divulgados em uma entrevista coletiva com a presença de outros delegados da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e do Sindicato de Polícia Federal em Santa Catarina. A entrevista, realizada no Hotel Majestic, também foi convocada para prestar solidariedade ao superintendente em exercício, Paulo Cassiano Júnior, que tem sido criticado por não ter negociado uma tentativa de conciliação antes do confronto e pelas fortes declarações à reitora.

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Ainda na coletiva, Korff explicou que o termo circunstanciado do estudante detido não poderia ter sido lavrado no local, porque era necessário a apuração de detalhes e verificar no sistema se o indivíduo não tinha antecedentes.

DC – No momento em que os policias estavam conduzindo o detido à viatura e a suposta professora, no vídeo identificada por um blusa de vermelho chegou, o que aconteceu?

Korff – Ela cometeu incialmente um crime de resistência no momento em que ela senta sobre a viatura. Ela está oferecendo resistência a ação de agentes públicos.

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DC – O fato da ação dela incitar que outras pessoas façam o mesmo é agravante ou não?

Korff – Com certeza será considerado. Ela tem uma participação de líder, como posso dizer, naquele momento, porque só ela está ali de representante da UFSC. E depois ela sobe e insiste, amassa a viatura o que é dano ao patrimônio público. Esse é o estopim do conflito, uma atitude inconsequente que gerou um efeito de repetição na multidão.

DC – Diante essa situação, qual é o procedimento correto da polícia?

Korff – Nesse momento vale muito bom senso dos policiais que estão ali. Pelo vídeo mostra que eles tiveram extrema paciência, extrema calma. No vídeo mostra que nenhum policial ergue o tom de voz e pedem educadamente para desocuparem o capo do carro. Saírem de perto para permitirem a condução do preso. Tentando dialogar e tentando uma solução pacífica. Só que a intransigência dessa professora e dos demais manifestantes é evidente nos vídeos. Se não houvesse essa intransigência, bastaria o professor dizer e nós vamos até a Polícia Federal acompanhar o procedimento. E essa opção foi oferecida pelo delegado Cassiano. Não tem problema nenhum ir junto, a pessoa não vai ficar presa, ela tem que responder perguntas e verificar no sistema se ela tem antecedentes.

DC – Em que momento o delegado Cassiano chegou ao local?

Korff – O momento exato eu não sei. Acredito que seja entre o primeiro vídeo que mostra os agentes fazendo ligações e aquele momento final em que o Bope já está lá. Então, em algum momento o delegado chegou e assumiu a negociação como representante da Polícia Federal.

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DC – Os estudantes, manifestantes e professores quando se referem a truculência não devem se referir ao momento que a polícia se mostra paciente como vimos aqui nos vídeos. E sim ao momento de ação do Bope e da Polícia Militar. Nesse momento a ação foi truculenta ou não?

Korff – No nosso ponto de vista não foi. A imagem mostra o Bope usando de uma arma não letal que é o gás lacrimogênio a imagem do carro onde está um preso e policias sitiado, em meio a manifestantes, ou seja, sem o domínio da situação e das consequências daquela situação. Sem o domínio de autoridade pública. Um preso e dois policias, reféns de uma multidão. E mesmo com o uso de gás lacrimogênio aquelas pessoas não saem de perto do veículo. Não permitem que a Polícia assuma o controle, então o Bope é obrigado a ir lá e empurrar essas pessoas. Não tem imagem de um policial agredindo alguém. Tem sim do uso de gás de pimenta e gás lacrimogênio, mas eu pergunto: não é melhor usar gás de pimenta e gás lacrimogênio do que uma arma? Cada policial tinha uma arma de fogo na sua cintura, que poderiam utilizar para proteger sua própria vida. Os policias foram muito tranquilos e não usaram arma de fogo. Não atentaram contra a vida de ninguém e usaram talvez, bala de borracha, não sei, gás lacrimogênio e gás de pimenta que não são armas letais. Não chegaram nem a usar arma de choque, que eles também tinham consigo. É o mínimo de elementos que os policias têm de usar para mostrar para as pessoas que tem uma autoridade constituída e existe força pública e que o Estado não é o que as pessoas pensam que ele é. A universidade não um local que as pessoas podem pensar que é para uso livre de drogas. Existe um Estado constituído, existe forças públicas que só se dedicam a combater o crime. Essas autoridades dizem como uma situação de crime deve ser conduzida. E não gente da universidade dizer para as autoridades como agir.

DC – Levando em conta todos os fatos que ocorreram no local. A ação da Policia Federal foi bem sucedida ou não?

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Korff – Foi bem sucedida porque ela proporcionou a obtenção de elementos que serão usados na investigação de tráfico de drogas e na situação de conflito, as pessoas foram tiradas de lá sem ser disparado um tiro de arma de fogo. Não temos manifestantes com ferimentos graves, talvez alguém tenha um se ferido por um estilhaço, mas também tem policial que levou pedrada. Pedras do tamanho de um palmo. Então, em uma situação de conflito vai ter lesões de ambos o lados, mas repito a Polícia Federal e Polícia Militar agiram no restrito uso moderado da força, plenamente cabível em uma situação de conflito provocada por manifestantes incitados por alguns servidores da UFSC.

DC – Segundo a polícia está em andamento um investigação sobre o tráfico de drogas na região da UFSC. Desde quando essa investigação ocorre?

Korff – Só posso dizer que ela recente e maiores detalhes tem que ser buscados com a equipe de investigação.

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DC – E na avaliação da polícia, como ocorreu a ação na terça-feira prejudica a investigação?

Korff – Olha, a possibilidade de prejudicar o andamento das investigações é que tornou público que existe uma investigação. E o traficante que atua no local talvez agora evite de traficar lá dentro. Nesse aspecto, vai haver um pequeno prejuízo na investigação, mas a equipe vai tentar usar outros meios para seguir. Nesse aspecto de tomar uma dimensão tão grande chegará ao conhecimento de quem lá atuava e nos próximos meses podem não mais aparecer. Então esse prejuízo vai ter.

DC – É possível apontar culpados por prejudicar a investigação? A ação dos professores, do estudantes, ou da própria polícia?

Korff – Não. Acho que o contexto como as coisas ocorreram vão levar a esse reflexo. As pessoas são responsáveis por terem causado esse contexto. Praticarem resistência contra o ato. Imagina se cada vez que houvesse um crime, alguém dirigindo embriagado nas ruas, uma multidão se colocar em volta e impedir que ele seja levado para delegacia. Imagina o que vai ser da sociedade se acontecer isso. Se todo mundo se achar no direito de questionar a ação da polícia. Para isso se vai com advogado, em juízo público. É um absurdo cada um querer executar a sua ideia de direito penal no momento. Eu acho que fumar baseado é um crime pequeno então não pode ser preso. Quem tem que dizer isso é um juiz. Nem delegado pode dizer isso. O delegado encaminha os fatos para o poder judiciário dizer se é insignificante ou não.

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DC – Esse tipo de encaminhamento deve ocorrer com as pessoas identificadas nesses vídeos?

Korff – Sim. Serão chamadas para responder pelos crimes de resistência, atentado ao patrimônio público e outros que forem identificados. E depois, encaminhados ao Ministério Público para o poder judiciário tomar as medidas cabíveis.