Vista cinematográfica para a Ponte Hercílio Luz, golfinho nadando nas águas da Baía Norte, sol aquecendo o corpo e uma garça branca majestosa em pé no trapiche, a um metro de distância. Este é o cenário do cobiçado lugar na cidade mais disputada entre policiais federais para se trabalhar no Brasil. A sede do Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom) da Polícia Federal de SC, em Florianópolis, comemora dois anos de inauguração nesta segunda-feira.
Continua depois da publicidade
A equipe do Nepom é formada por agentes especiais da Polícia Federal. Profissionais que já atuaram em outras unidades da corporação, em diferentes regiões do país. Gente que conquistou uma vaga no núcleo de operações especiais graças à especialização e anos de carreira. Um grupo unido, experiente e que tem o privilégio de conviver com o mar e suas belezas praticamente inacessíveis, como uma tartaruga com 100 anos e quase 200 quilos.
Um exemplar desses, que está no último estágio antes da extinção, conforme classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza, foi resgatado em junho passado. A Tartaruga-de-pente estava presa em uma rede de pesca na Ilha do Campeche. Os agentes a devolveram para o oceano.
O Nepom atua na prevenção e repressão aos crimes ambientais nas ilhas e na costa catarinense, no resgate de profissionais do mar e de animais em situações de risco, no policiamento portuário, e no apoio à outras instituições e forças de segurança e demais unidades da PF, em operações contra à utilização de mão-de-obra escrava e ao tráfico de armas e drogas, inclusive no combate a quadrilhas internacionais.
Continua depois da publicidade
A PF tem unidades de polícia marítima na Capital, Itajaí e Joinville. As operações conjuntas contam com 24 policiais, incluindo mergulhadores habilitados em mergulho de mais de 100 metros de profundidade. As operações são traçadas pelo Nepom e a pedido de órgãos como o Ministério Público e a Petrobras. Todo pescado apreendido em embarcações ilegais é doado a entidades carentes por meio do programa federal Mesa Brasil.
Obstáculos precisam ser superados
Traficantes sérvios e pescadores inescrupulosos não assustam os agentes especiais do Nepom. Para o chefe da unidade e coordenador da Comissão de Segurança Portuária, Reinaldo Duarte, a única situação de tensão é quando o mar está muito bravo. O policial Luis Queiroz lembra que a equipe navega em todas as condições de tempo.
O agente Eduardo Corbal explica que as operações são planejadas em detalhes e que a técnica ameniza os eventuais problemas. Única mulher do grupo, a policial Claudia Santos tem a vantagem de ser manezinha. Ela conhece os peixes, os costões, as ilhas e os pescadores da região, o que facilita muito o combate aos crimes ambientais.
Continua depois da publicidade
O esforço do trabalho intelectual e braçal, o desgaste de se trabalhar embarcado durante o dia e à noite, a coragem de enfrentar ondas de mais de três metros num mar revolto com o vento sul soprando furioso tem uma explicação, de acordo com o chefe do Nepom.
– A PF tem o nome que tem hoje por causa dos seus agentes apaixonados – observou Reinaldo Duarte.
Agentes que se emocionam em salvar filhotes de baleia e ver o Papa Francisco a dois metros de distância. A equipe participou da segurança do pontífice, durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro no final de julho. Uma recordação que jamais vão esquecer.
Continua depois da publicidade