A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) usou a chamada ação controlada autorizada pela Justiça para incriminar dois irmãos empresários de Palhoça, na Grande Florianópolis, apontados como donos de 15 toneladas de maconha apreendidas desde maio em Santa Catarina.

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Eduardo Luis Quarti, 50 anos, e Sidnei Valmir Quarti, 48, naturais de Criciúma, estão na carceragem da Deic em Florianópolis desde quinta-feira, quando foram presos por policiais da Divisão de Combate ao Narcotráfico (Denarc) da Deic, em Correia Pinto, na Serra. Segundo a polícia, em uma caminhonete, eles escoltavam como batedores um caminhão bitrem carregado com 5,1 toneladas de maconha em meio a um carregamento de milho. O volume do entorpecente é considerado o maior apreendido no Estado.

Com a ação controlada, em que a intervenção dos agentes é postergada para o momento mais oportuno para a produção de provas, a Deic afirma que acompanhou os empresários em outras viagens em que teriam escoltado cargas de maconha. Desde maio, foram três grandes apreensões de cargas da quadrilha, duas na BR-101 e esta última na BR-116, em um posto de combustíveis em Ponte Alta, também na Serra. Os flagrantes foram dados em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal e a Receita Federal.

– Eles são os sócios financiadores da droga, não levantavam suspeita e tinham uma empresa de transporte. Continuaram agindo mesmo com as apreensões anteriores, só mudaram a rota pela 282 (caminho pela 116) ao invés da 101. Antes da abordagem, ficamos três dias em cima deles nessa viagem. Como havia uma barreira do Exército em Lages, decidimos interceptá-los antes – disse o delegado da Denarc, Pedro Henrique Mendes.

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Para o delegado, os empresários, que atuam no transporte rodoviário de cargas desde 2015, teriam decidido migrar para o tráfico de drogas no ano passado para lucrar mais. A polícia afirma que eles e familiares são donos de cinco carretas, levavam vida de classe média e não tinham antecedentes criminais. Policiais vão investigá-los agora por organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Na decisão em que decretou a prisão preventiva dos dois, o juiz de Correia Pinto, Gustavo Bristot de Mello, afirma que o veículo em que estavam fez o mesmo trajeto da carreta, conforme recibo de pagamento de pedágio encontrado. O juiz autorizou a quebra de sigilo dos dados telefônicos dos aparelhos celulares apreendidos. Além dos irmãos, foi preso também Eder Carvalho, motorista do caminhão.

Polícia suspeita de homicídio

A Deic suspeita que um homicídio de um homem no Paraguai em junho possa ter sido planejado pelo bando. O motivo seria desconfiança sobre suposta caguetagem das cargas de maconha transportadas e apreendidas no Estado.

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A vítima chamava-se Sidney Sanchez Ferreira, tinha 27 anos e foi assassinado a tiros em um posto de combustíveis em Pedro Juan Caballero, no dia 19 de junho. A cidade paraguaia faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, de onde a polícia afirma que saíram as cargas de maconha apreendidas.

O lucro na comercialização de maconha e o alto consumo catarinense estariam despertando a ação das quadrilhas. No Paraguai, traficantes chegam a pagar R$ 200 o quilo da maconha revendido a R$ 1,5 mil em SC. Para não arcar com prejuízos em casos de apreensões, a polícia afirma que traficantes agora pagariam seguros do entorpecente, o que elevaria o valor do quilo para R$ 800, mesmo assim gerando lucro na revenda.

Outro lado

Em entrevista à RBS TV, o advogado Gilberto Tinoco afirma que os seus clientes são inocentes, que foram ao encontro do caminhão na Serra para um socorro mecânico e desconheciam que levava as toneladas de maconha junto à carga de milho. Ele afirmou ainda que irá mostrar nos autos que o recibo do pedágio não estaria dentro da caminhonete dos irmãos.

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