A Defesa Civil de Tubarão e a empresa responsável pelo saneamento do município continuam fazendo o monitoramento da mancha de resíduos de carvão que vazou de uma carbonífera para a nascente do Rio Tubarão, em Lauro Müller, no Sul do Estado, na noite de terça-feira. Até agora, as cidades de Orleans, Pedras Grandes e Tubarão também foram atingidas pelo vazamento, que já percorreu mais de 60 quilômetros, deixando a água escura.

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As cidades de Braço do Norte e São Ludgero também estiveram no percurso do fluxo do rio e, portanto, da contaminação, mas os resíduos se diluíram e a mancha perdeu força quando os rios Tubarão e Braço do Norte se encontraram.

Vazamento deixou trecho do Rio Tubarão, em Lauro Müller, com aspecto de lodo Foto: Antonio da Luz/ Sul in Foco

O vazamento já foi estancado, mas a contaminação deve seguir o fluxo do rio até Laguna e chegar ao mar. Ainda não foram calculados os impactos causados ao meio ambiente. Para o Procurador da República, Darlan Dias, o acidente foi de grandes proporções.

– Foi um desastre ambiental. Com certeza (o Ministério Público Federal vai tomar uma atitude), o mais urgente foi o estancamento do vazamento, que já foi feito pela própria mineradora. A Fatma e a Polícia Ambiental embargaram o empreendimento, multaram e vamos primeiro apurar melhor os fatos e identificar as causas disso. Depois vamos tomar as providências, seja no âmbito criminal como civil, com indenização pelo dano moral coletivo causado – disse.

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Com a prévia das análises das amostras de água coletadas em trechos do rio, acima da captação, a equipe técnica da Tubarão Saneamento identificou que existe a possibilidade de tratamento da água contaminada.

Com os investimentos realizados na captação e Estação de Tratamento de Água (ETA) desde que a concessionária assumiu os serviços em Tubarão, em março de 2012, o sistema da empresa está capacitado para o procedimento. É possível isolar parte do Sistema de Captação com o objetivo de realizar os testes sem causar prejuízo à qualidade da água já tratada e distribuída à população.

Os químicos da concessionária iniciaram os testes e, assim que concluídas todas as etapas, a empresa repassará o resultado aos usuários. Desde o ocorrido, os profissionais estão acompanhando e monitorando a mancha que vem se espalhando no Rio Tubarão e que chegou a altura da captação na tarde desta sexta-feira.

– Ainda não está definido se o tratamento será desligado ou não, tudo leva a crer que não. Apenas será diminuída a capacidade. A gente destaca que as pessoas economizem água, porque ainda está sujeito a ser interrompido o tratamento e não se sabe por quanto tempo. Vai depender da chegada da água na captação e do resultado dos testes – apontou o Secretário da Defesa Civil, Rafael Marques.

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Trecho do Rio Tubarão em Lauro Müller, onde aconteceu o vazamento Foto: Antonio da Luz/ Sul in Foco

O resultado da amostra de água coletada na captação ainda está em análise e a concentração dos poluentes pode variar, levando em conta fatores das características físicas, químicas e bacteriológicas da água contaminada, assim como a influência da maré e variações climáticas.

Por meio do software GIS (Sistema de Informação Geográfica), já foram simulados cenários e manobras necessárias que priorizaram o abastecimento de áreas emergenciais. Como ainda há possibilidade de suspensão temporária no fornecimento de água tratada, a Tubarão Saneamento continua a solicitar à população que continue utilizando a água de forma consciente, evitando desperdícios, até que a situação seja normalizada.

A concessionária aponta que a água tratada e distribuída às residências de Tubarão, apesar do acidente ambiental, é potável e de qualidade. O monitoramento da qualidade da água é realizado diariamente e atende a Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde.

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Membros do Comitê da Bacia do Rio Tubarão e Complexo Lagunar marcaram uma reunião com a empresa responsável pela contaminação em Lauro Müller, na próxima terça-feira. O objetivo é buscar informações sobre o conteúdo do vazamento.