Na manhã desta sexta-feira, a contaminação por resíduos de carvão após vazamento em uma carbonífera de Lauro Müller, está há algumas horas da captação da Tubarão Saneamento e já ultrapassou a ponte pênsil no bairro Guarda, em Tubarão, no Sul do Estado.
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De acordo com os técnicos da empresa, boa parte do conteúdo poluente se dissolveu no encontro entre os rios Tubarão e Braço do Norte. Os testes com a água coletada, em trechos do rio acima da captação, estão sendo realizados desde a madrugada desta sexta-feira.
A concessionária está com as equipes de campo em caráter emergencial. Caso o resultado das análises com a água contaminada determine que não será possível tratá-la, uma barreira, que já está instalada na entrada da captação, será ativada para que o poluente não entre no sistema, que está operando em carga máxima.
O vazamento da substância, chamada “finos de carvão”, devido ao rompimento de uma barragem de sedimentação da mineradora de carvão Carbonífera Catarinense, aconteceu na madrugada de quarta-feira, próximo a nascente do rio, uma das bacias mais importantes da região, que engloba 18 municípios. Por meio de nota oficial, a concessionária comunicou que está monitorando a mancha, que vem se espalhando pelo rio, e emitiu um alerta à população para a possibilidade de suspensão temporária de fornecimento de água tratada.
Por meio do software GIS (Sistema de Informação Geográfica) já foram simulados cenários e manobras necessárias, que priorizam o abastecimento de áreas emergenciais.
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Vazamento deixou trecho do Rio Tubarão, em Lauro Müller, com aspecto de lodo Foto: Antonio da Luz/ Sul in Foco
Enquanto isso, a população pode utilizar a água, pois os reservatórios estão em níveis dentro da normalidade. Mas, como há possibilidade de suspensão temporária no fornecimento de água tratada, a Tubarão Saneamento solicita o uso de forma consciente, evitando desperdícios até que a situação seja normalizada.
A concessionária disponibiliza medidas paliativas, como fornecimento de água às clínicas de hemodiálises e hospitais, caso necessário. A população pode entrar em contato pelos telefones 0800 648 9596 ou (48) 3052-7400.
Trecho do Rio Tubarão em Lauro Müller, onde aconteceu o vazamento Foto: Antonio da Luz/ Sul in Foco
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Ainda não é possível calcular danos do vazamento
Além da escuridão, a água ficou com um aspecto denso e formou um lodo, que manchou as pedras da cabeceira do rio. A vegetação ao redor também foi poluída. A água escura do rio assustou os moradores.
A direção da carbonífera explicou, nesta quinta-feira, que o acidente ocorreu devido a possíveis problemas mecânicos em duas bombas que ficavam em uma bacia com água limpa.
– Essas bombas pararam de funcionar por volta das 22h de terça. Imediatamente, a equipe técnica responsável resolveu o problema e conteve o vazamento. O trabalho durou cerca de duas horas e, nesse intervalo, aconteceu o transbordo de água da bacia, que acabou arrastando substâncias poluentes de outra bacia desativada. Boa parte da água e do lodo ficaram retidos na bacia de contenção de emergência, parte foi parar no rio – explicou a diretora da empresa, Astrid Barato.
A sedimentação é uma etapa de produção que faz parte do processo de lavagem do minério, que não funcionou o dia todo na quarta-feira. Técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DPNM), da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e da mineradora ainda investigam o que causou o rompimento da barragem.
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A empresa, segundo o engenheiro da carbonífera, Paulo de Mello, trabalha desde a madrugada de quarta-feira para reforçar os diques e evitar novos vazamentos. Além disso, já deram início à limpeza do rio e dos seixos. A expectativa é de que a água, que já estava poluída por ferro e manganês devido a impactos anteriores, volte ao estado anterior em cerca de uma semana.
O cabo Marcos Antônio Navarro Monteiro, da Polícia Ambiental de Laguna, aponta que a empresa foi autuada e que o setor que causou o vazamento foi embargado até que se faça a manutenção. De acordo com o cabo, a empresa está com as licenças ambientais em dia.
Segundo Monteiro, ainda não foi possível precisar os danos causados pelo vazamento na fauna e na flora do local, mas já foram colhidas amostras e um monitoramento está sendo feito. O laudo, segundo o policial, fica pronto em uma semana. Os Ministérios Público Federal e Estadual devem investigar o caso.